Greve na CP entra hoje no terceiro dia (e último dos piores): Volta a esperar-se paralisação total e grandes constrangimentos na circulação

Tal como nos dias 7 e 8, a empresa não garante a realização de qualquer comboio, uma vez que o Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social decidiu não fixar serviços mínimos para o período de paralisação, que decorre até 14 de maio.

Pedro Gonçalves
Maio 9, 2025
6:00

Esta sexta-feira assinala o terceiro dia de greve dos trabalhadores da CP – Comboios de Portugal, naquele que deverá ser mais um dia marcado por fortes perturbações na circulação ferroviária. Tal como nos dias 7 e 8, a empresa não garante a realização de qualquer comboio, uma vez que o Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social decidiu não fixar serviços mínimos para o período de paralisação, que decorre até 14 de maio.

Num aviso publicado no seu site oficial, a CP alertava já no início da semana para os “grandes constrangimentos” previstos nos dias 7, 8 e 9 de maio, precisamente os três dias com maior adesão sindical. A greve foi convocada por mais de uma dezena de estruturas sindicais, incluindo o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), o Sindicato dos Maquinistas (SMAQ), e o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI), entre outros.

Em causa está a imposição de aumentos salariais que os trabalhadores consideram insuficientes, por “não reporem o poder de compra”. Os sindicatos exigem ainda a negociação de “aumentos salariais dignos” e a “implementação do acordo de reestruturação das tabelas salariais, nos termos em que foi negociado e acordado”.

A ausência de serviços mínimos – que inclui até as linhas suburbanas de Lisboa e Porto – tem gerado forte contestação por parte dos utentes. Ontem, no segundo dia da greve, a adesão foi de 100%, segundo fonte da Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), o que paralisou praticamente toda a operação da CP.

O impacto da paralisação sentiu-se sobretudo nas primeiras horas do dia, com centenas de passageiros retidos em estações como Agualva-Cacém, Sintra, Campanhã ou Entrecampos. Em Agualva-Cacém, a revolta dos passageiros levou à intervenção da PSP, que identificou um homem acusado de incitar à desordem após protestar contra a ausência de alternativas de transporte.

O Tribunal Arbitral justificou a não imposição de serviços mínimos com a falta de garantias de segurança para os utentes, caso se mantivesse parte da operação ferroviária durante os dias de maior impacto. O coletivo de árbitros, liderado por Jorge Bacelar Gouveia, reconheceu que ponderou impor serviços mínimos nas linhas urbanas mais críticas, mas optou por não o fazer por considerar que “a sua concretização se revelou desaconselhável”, tendo em conta os “mínimos padrões de segurança”.

A CP lamentou os transtornos causados, em especial à mobilidade das populações dependentes do serviço ferroviário, e garantiu ter contestado a ausência de serviços mínimos junto do Tribunal da Relação de Lisboa. “Estamos conscientes dos danos causados aos nossos clientes e continuamos a envidar todos os esforços para garantir a sua mobilidade por outras vias”, afirmou a empresa em comunicado.

A paralisação prossegue até terça-feira, 14 de maio, mas os maiores constrangimentos eram já esperados até hoje, 9 de maio. A partir do fim de semana, prevê-se um ligeiro abrandamento da greve, embora possam continuar a verificar-se perturbações pontuais na circulação.

Entretanto, os sindicatos não descartam novas ações de protesto, caso as reivindicações não tenham resposta por parte do Governo e da administração da CP.

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