Governo vai fechar portas das urgências obstétricas: grávidas vão ter de tocar à campainha para entrar no hospital

As grávidas vão passar a ter de tocar à campainha à entrada dos serviços de urgências obstétricias nos hospitais da região de Lisboa, indicou esta sexta-feira o jornal ‘Expresso’: as instalações hospitalares vão deixar de ter a porta aberta e o atendimento passa a ser sempre referenciado, seja por via telefónica, por encaminhamento do médico ou por emergência pré-hospitalar.

A nova estratégia do Governo está a ser preparada por um grupo de peritos para organizar a resposta às grávidas, que está em discussão com os diretores de obstetrícia e poderá avançar dentro de três semanas: a região de Lisboa é prioritária, mas a prestação de cuidados exclusivamente por referenciação deverá ser extensível a todos os hospitais do país.

Alberto Caldas Afonso, presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, salientou que “a medida será primeiro para a região de Lisboa, mas vai ser para todos os hospitais. E até fará sentido que seja em simultâneo”, indicou ao jornal semanário o médico. A intenção dos especialistas é conseguir retirar a grande maioria das 40% de admissões nas urgências sem necessidade clínica de cuidados diferenciados. “Vamos ver o impacto, a procura que retira, a capacidade de resposta que fica instalada e o que vai acrescentar, mas há dois sítios onde há dúvidas sobre os ganhos.”

De acordo com o médico, estes são a Península de Setúbal e Leiria. “Poderá ser necessário criar uma urgência partilhada, metropolitana ou regional, porque é sempre problemático um hospital perder um serviço.” Na falta de alternativa, a resposta obstétrica passará a ser comum: Setúbal com Barreiro e Garcia de Orta; Leiria com Caldas da Rainha e Santarém.

Desta forma, uma grávida tem de contactar, sempre e primeiro, a linha SNS Grávida, onde poderá ter três respostas: autocuidados, consulta marcada até 72 horas nos cuidados primários ou no hospital da sua área ou a chamada transferida para um enfermeiro especialista em saúde materna e obstétrica (EESMO) no hospital da zona de residência. Nos casos em que é passada para o enfermeiro especialista as respostas são igualmente três: autocuidados, consulta aberta ou ida à urgência hospitalar.

O acesso direto ao SOS hospitalar só acontecerá através do INEM, após contacto para o 112, ou se a grávida se deslocar à urgência por sua iniciativa. Neste caso, terá a porta fechada e será necessário tocar a uma campainha, que será instalada. “O modelo está bem estudado noutros países, nórdicos ou Alemanha, por exemplo, e temos enfermeiros suficientes para avançar”, garantiu Caldas Afonso.

Ler Mais





Comentários
Loading...