Governo admite que dezenas de milhares de alunos correm o risco de começar as aulas sem professor

O Governo deixou o alerta: “Há milhares de alunos sem professores para o próximo ano letivo”, apesar das colocações, na passada sexta-feira, de 16 mil docentes no concurso de mobilidade interna e 2 mil na contratação inicial.

De acordo com a edição desta quarta-feira do ‘Correio da Manhã’, o Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) revelou que há ainda “1.423 horários completos por preencher”, distribuídos desta forma: 427 no quadro de zona pedagógica da Grande Lisboa, 177 em Setúbal, 67 no Alentejo e 110 no Algarve.

Os horários completos por preencher podem significar 85 mil alunos sem aulas a algumas disciplinas – o número pode tornar-se pior, de acordo com o MECI, que prevê um “agravamento dos dados, devido às baixas médicas e às mobilidades por doença e estatutárias”.

A estes números há que acrescentar 1.480 horários incompletos: 462 em Lisboa, 207 em Setúbal, 78 no Alentejo e 122 no Algarve. De acordo com o MECI, “há 1.611 professores do quadro sem turma atribuída (horários zero), dos quais 75% estão colocados em escolas da região Norte”. Ou seja, “numas escolas temos alunos sem professor, noutras escolas temos professores sem turmas atribuídas”.

O Governo apontou o dedo ao anterior Executivo liderado por António Costa, por ter aberto “um total de 27.930 vagas”, das quais 20.853 em quadros de agrupamento/escola e 7077 em quadros de zona pedagógica, “superando largamente as 8.493 vagas pedidas pelos diretores”.

“Os critérios de definição de vagas adicionais às pedidas, tanto em termos numéricos como de distribuição geográfica, não foram devidamente fundamentados”, o que gerou “um desequilíbrio”, “com concentração de horários zero na região Norte e um elevado número de horários por preencher em Lisboa, Alentejo e Algarve”, refere o ministério.

Por último, o Governo lamentou ainda que dos 21.803 candidatos ao concurso de Contratação Inicial, tenha havido “19.382 que não obtiveram colocação”. “Numa altura em que milhares de alunos estão em risco de iniciar o ano letivo sem aulas, este elevado número de professores não colocados expõe novamente o desalinhamento geográfico das vagas a concurso”, referiu a tutela.

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