Fusão entre Honda e Nissan: o que se sabe até ao momento?

A indústria automóvel está num ponto de inflexão, marcada pela crescente procura de veículos elétricos (EV) e a intensa concorrência global impulsionada pela China: neste contexto, os dois gigantes japoneses, a Honda e a Nissan, iniciaram conversações sobre uma possível fusão.

O movimento é de grande importância no setor. Juntas, a Honda e a Nissan venderam quase 4 milhões de veículos no primeiro semestre de 2024, um número pouco inferior aos 5,2 milhões da Toyota. A união de ambas permitiria enfrentar a Toyota, a sua principal concorrente no mercado local, e resistir às pressões da BYD e da Tesla, que ganham espaço na China.

De acordo com a informação disponível publicada pelo jornal ‘Nikkei’, a Honda e a Nissan contemplam operar sob uma estrutura holding, uma empresa-mãe que controlaria ambas as marcas. É expectável que seja assinado em breve um memorando de entendimento para formalizar o início das negociações e estabelecer as bases para a criação da nova empresa.

A principal motivação por detrás desta possível fusão é a necessidade de competir de forma mais eficaz no mercado global, especialmente face à crescente concorrência de empresas como a Tesla e fabricantes chineses de EV. A eletrificação do setor automóvel exige investimentos maciços em investigação e desenvolvimento, bem como na adaptação das cadeias de produção: desta forma, ao unirem forças, a Honda e a Nissan poderão consolidar recursos e acelerar a sua transição para a mobilidade elétrica.

Um aspeto importante desta possível aliança é a inclusão da Mitsubishi Motors, na qual a Nissan já detém uma participação maioritária, o que poderia fortalecer ainda mais o grupo automóvel que resultar da fusão, expandido a gama de produtos, a sua presença em diferentes mercados e nas suas capacidades de produção.

Como é que esta fusão poderá impactar a indústria automóvel?

A potencial fusão entre a Honda e a Nissan teria um impacto significativo na indústria automóvel global: a criação de um gigante automóvel japonês poderia perturbar o equilíbrio de poder e levar a uma maior concorrência no mercado.

Este movimento estratégico poderá influenciar as decisões de outras empresas do setor, promovendo novas alianças e consolidações. A indústria automóvel está em constante evolução e esta possível fusão é um exemplo claro da necessidade de adaptação e colaboração para enfrentar os desafios do futuro.

Que papel tem a Foxconn nesta decisão?

O que parecia ser uma aliança estratégica entre a Nissan e a Honda está a tornar-se numa fusão impulsionada por um interveniente inesperado: a Foxconn, a gigante asiática de eletrónica, conhecida principalmente por fabricar os iPhones da Apple.

Segundo a publicação ‘Asia Nikkei’, a fusão das duas marcas japonesas tem origem na ambição da Foxconn de entrar no negócio de EV. Há mais de um ano, demonstrou interesse na indústria automóvel elétrica, investindo em fábricas em todo o continente.

No entanto, a sua estratégia avançou ainda mais quando se tornou conhecida a sua intenção de adquirir uma parte do grupo Nissan, conforme noticiou a ‘Bloomberg’: assim, a empresa de Taiwan atingiria o seu objetivo de entrar no setor, mas também posicionar-se como acionista de um novo gigante.

Para a Nissan, isto representou uma mudança pouco agradável: embora a empresa passe por um período difícil com baixas previsões de lucro, cortes de produção e demissões em massa, não seria a ideia passar a fazer parte do grupo taiwanês. A estratégia da Foxconn suscitou preocupações entre os gestores da Honda: temendo uma possível aquisição, a Honda acelerou as negociações com a Nissan para finalizar uma fusão, que assim afastaria o risco de uma aquisição pela empresa de Taiwan.

A Foxconn, cujo negócio principal é a produção por contrato, anunciou em 2019 a sua entrada no negócio de EV: a sua estratégia de compra de ações da Nissan demonstrou a sua intenção de se posicionar como um ‘player’ importante nesse mercado.