Forum Económico Mundial: Conflito armado é maior ameaça de 2025, consideram líderes globais em sondagem
A intensificação de conflitos armados é vista como a ameaça mais urgente para 2025, mas a crise climática deverá permanecer no topo das preocupações globais nos próximos dez anos. Estas são as conclusões de um relatório do Fórum Económico Mundial (WEF), divulgado antes do encontro anual em Davos, na Suíça.
O relatório, baseado num levantamento com mais de 900 líderes de negócios, política e academia, revelou que 23% dos inquiridos identificam os conflitos armados entre estados como a principal preocupação para 2025. Este receio é alimentado pela guerra em curso na Ucrânia, bem como por confrontos mortais em regiões como o Sudão e Gaza.
A segunda maior ameaça para o próximo ano, apontada por 14% dos participantes, são os “eventos climáticos extremos”. Secas, inundações e incêndios florestais devastadores têm evidenciado o impacto da crise climática, com cientistas a alertar que o aquecimento global está a tornar estes fenómenos mais frequentes e intensos.
Gim Huay Neo, diretora-geral do WEF, sublinhou a gravidade da situação, citado pelo The Guardian: “A crise climática e da natureza requer atenção e ação urgentes. Em 2024, o aquecimento global atingiu um recorde de 1,54°C acima da média pré-industrial, causando eventos climáticos sem precedentes e catastróficos em várias partes do mundo.”
Quando questionados sobre os riscos mais significativos para a próxima década, os líderes globais destacaram quatro ameaças relacionadas com a crise climática entre as dez principais: eventos climáticos extremos, perda de biodiversidade, alterações críticas nos sistemas terrestres e escassez de recursos naturais.
Estes resultados reforçam a necessidade de medidas coordenadas para mitigar os impactos das alterações climáticas, especialmente num contexto global onde o multilateralismo está sob pressão.
Tecnologias e desinformação como riscos emergentes
As preocupações relacionadas com a tecnologia também figuram entre as prioridades dos líderes globais. A disseminação de desinformação e os potenciais riscos associados às tecnologias de inteligência artificial (IA) surgem logo a seguir aos desafios climáticos na lista de ameaças futuras.
Com a recente ascensão de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, as tensões em torno da regulação do espaço digital aumentaram. Trump tem planos de desmantelar iniciativas de verificação de factos em plataformas como o Meta e procura desregular significativamente o sector tecnológico, em colaboração com líderes de Silicon Valley.
Apesar das promessas de que a IA impulsionará a produtividade, os riscos associados, como a sua potencial evolução para além do controlo humano, levantam preocupações até entre os defensores desta tecnologia.
Davos 2025: cooperação global em foco
O encontro do WEF em Davos, que começa na próxima semana, contará com cerca de 60 chefes de Estado e governo, além de líderes empresariais e ativistas. Sob o tema “um apelo à colaboração na era inteligente”, o evento ocorre num momento de incerteza global.
A chanceler britânica, Rachel Reeves, pressionada pelas recentes turbulências nos mercados obrigacionistas, confirmou a sua presença em Davos. “Vou defender que o Reino Unido é um dos melhores lugares do mundo para investir”, afirmou aos deputados.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, também participará para reforçar o apoio global à resistência do seu país contra a invasão russa. Enquanto isso, Trump, que se dirigirá ao evento de forma virtual, continua a prometer um fim rápido para o conflito, sem detalhes claros sobre como pretende alcançar tal objetivo.
O discurso de Trump em Davos deverá reforçar a sua abordagem unilateral. Entre as medidas esperadas estão a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o clima e a promoção de políticas favoráveis à extração de combustíveis fósseis, resumidas no slogan “drill, baby, drill”.
Recorde-se que o presidente norte-americano tem pressionado os parceiros da NATO, incluindo o Reino Unido, a aumentarem significativamente os gastos com defesa, um movimento que pode complicar ainda mais as relações transatlânticas.