Ensaio. ABB FIA Formula E World Championship: A outra viagem… agora nos treinos

O segundo dia – ou o primeiro de treinos – está envolto numa adrenalina própria pois foi possível o contacto mais próximo com a pista com entrevistas pessoais na box da Jaguar com os elementos da comunicação; engenheiros de software, piloto General manager e team director – Nate Bult, Kye, Nick Cassidy; Gary Ekerold e James Barclay – respetivamente.

Diria que a abertura da Jaguar Tcs Racing foi a melhor, sendo de destacar a multiplicidade cultural da equipa mas sobretudo a simpatia e genuinidade da disponibilidade.

Das várias entrevistas deu para perceber por exemplo com um dos cientista de dados da marca , a importância do software nos automóveis, o ecossistema criado ao seu redor , a utilização de IA, Big Data, Machine Learning para aprendizagem continua e decisões futuras ao nível da estratégia, afinação da viatura, simulação do ambiente de pista!

Esta utilização do software permite que o piloto tome melhores decisões e aprenda qual a melhor solução, curva a curva, sabendo também que a tecnologia não resolve tudo e o piloto é essencial, uma vez que a transmissão de dados do carro para as boxes e vice-versa é limitada (daí muitas vezes os códigos de pista usados nas comunicações que normalmente dão dados sobre a utilização das baterias e do sistema de regeneração).

A importância dos modelos preditivos e da ciência dos dados supera em muito a F1 dado que aqui muito dos componentes são iguais em todos os 20 carros e, onde se procura o segundo extra é na otimização da bateria, recuperação, regeneração, etc.

Já o piloto Nick focou a importância do simulador, não somente como um meio para reduzir custos mas sobretudo para encontrar as melhores soluções mas também para gerar uma maior aprendizagem para o piloto!

Mesmo numa pista como esta onde a marca já esteve várias vezes e, por isso, possui imensos dados, o setup do carro tem de ser diferente pois o circuito está ligeiramente diferente, a temperatura é diferente e a evolução do carro do ano passado para este obrigou a isso.

Segundo o Nick não existe grande diferença do simulador para a realidade mas já existe para os e-sports onde descobrimos truques para “enganar” a máquina!

O novo carro, obriga, segundo o piloto, a um aumento do treino físico com este carro por causa do sistema de regeneração mas também da maior potência nas rodas dianteiras!

Já James Barclay destacou a importância que a empresa TCS tem na equipa ao dotá-la das competências tecnológicas e de inovação que a jaguar em pista necessita, dando como exemplo a rapidez com que conseguem projetar uma nova pista com dados para simulações ou, na inovação para novas soluções nos automóveis
Esta gestão dos dados , a digital capability, accuracy, têm sido vitais para o sucesso da marca premium neste campeonato-

Reforçou também o que o resto da equipa já tinha mencionado, sobre a diminuição de custos proveniente da standardizacao de componentes em todos os carros, e utilização de simuladores conseguindo com isto uma melhor tomada de decisão.

Pelo fato de possuirem mais dados conseguem, com isso, garantir uma maior eficiência mas também melhores decisões em menor tempo. A Gen AI veio ajudar, tanto na componente desportiva como tecnológica mas que , por si só não é suficiente pois o fator humano é vital, principalmente na estratégia, o que ficou patente na última corrida onde foi necessário com os dois pilotos gerir a estratégia de modo a conseguir obter o melhor resultado possível – a vitória!

Outro dos exemplos foi uma das corridas, em que, pelo fato de ser o primeiro classificado era uma desvantagem em termos aerodinâmicos e de desgaste da bateria, pelo que a estratégia (o factor humano) foi pensada para ocupar a melhor posição possível, até aomomento de inverter para poder atacar o primeiro lugar.
Fui também referido que o novo carro possui uma maior rapidez no arranque e uma melhor performance , juntamente com a possibilidade de, em alguns momentos alternar entre das duas para as quatro rodas motrizes o que altera completamente os modos de condução e a gestão da corrida, bem como, cria novos desafios aos pilotos.

Por fim, foi tempo de ouvirmos Gary que, entre muitos outros temas, mencionou que a aerodinâmica é fundamental na Fórmula 1 e neste desporto é o software. Considera que o condutor aqui tem um impacto maior do que na Fórmula pelas informações que transmite à equipa, sendo que o foco da corrida passa por garantir a melhor eficiência possível na gestão das baterias e nos modos de condução mais defensivos o, ao ataque.
Voltou a ser mencionado a importância dos pneus que, sendo iguais e somente um compostao , nesta pista em particular sofrem bastante mais, devido ao “alcatrão” do antigo aeroporto, às placas que o compõem , ondulações, extremamente desgastante e abrasivo, num fim de semana bastante quente que obriga a cuidados redobrados.

Já no final foi referida a gestão limitada de dados e informações entre o condutor e as boxes sendo possíveis quando são dados vitais e de segurança, sendo que, outros dados são dados em codigo pois o rádio esta aberto – todas as equipas estão ouvir – onde relatam o estado do carro e do seu comportamento para depois conseguir estabelecer a melhor estratégia na corrida.

Em resumo este é um desporto com enorme potencial , a emoção está bem presente, o ruído existe, bem como, a proximidade do público aos carros pois as pistas são urbanas e com muitos pontos de ultrapassagem.

A abordagem de cada trajetória é vital para o sucesso da corrida e para a saúde dos pneus e da integridade do carro, pois o “disparo” é enorme à saída das curvas (0 aos 100kmh em 1.7s), daí que +1 vez o piloto acaba por ter um papel muito importante neste desporto que só começou à nove anos e que gradualmente tem vindo a colher adeptos mas também muitas empresas de software que pretendem colocar o seu carimbo no desporto onde a ciência dos dados e o software são a proposta de valor da Fórmula E.

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