Emirados Árabes Unidos discutem com Israel e EUA um Governo em Gaza no pós-guerra, avança Reuters
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) estão a discutir com Israel e os Estados Unidos a participação numa administração provisória de Gaza do pós-guerra até que uma Autoridade Palestiniana reformada possa assumir o controlo, avançou esta terça-feira a agência ‘Reuters’.
Nas discussões nos bastidores está incluída a possibilidade de os Emirados Árabes Unidos e os Estados Unidos, juntamente com outros países, supervisionarem temporariamente a governação, a segurança e a reconstrução de Gaza após a retirada dos militares israelitas, indicou uma dezena de diplomatas estrangeiros e autoridades ocidentais à agência internacional.
Os EAU são um parceiro próximo de segurança dos EUA e, ao contrário da maioria dos Governos árabes, têm laços diplomáticos com Israel: de acordo com os diplomatas e responsáveis, a solução proporcionaria ao Estado do Golfo alguma influência sobre o Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu. Após mais de um ano de guerra, Israel mantém-se relutante em explicar a sua própria visão para Gaza e a comunidade internacional tem lutado para formular um plano viável.
Nos bastidores, Abu Dhabi tem defendido uma Autoridade Palestiniana (AP) reformada para governar Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém Oriental sob um Estado palestiniano independente, disseram as fontes – algo a que Israel se opôs publicamente. “Os EAU não participarão em qualquer plano que não inclua uma reforma significativa da Autoridade Palestiniana, o seu poder e o estabelecimento de um roteiro credível para um Estado palestiniano”, destacou um responsável dos EAU. “Estes elementos – que atualmente faltam – são essenciais para o sucesso de qualquer plano pós-Gaza.”
A Autoridade Palestiniana foi criada há três décadas ao abrigo dos Acordos de Oslo de 1993-1995, assinados por Israel e pelos palestinianos, e recebeu uma autoridade limitada sobre a Cisjordânia e Gaza. Ainda exerce alguma governação na Cisjordânia ocupada por Israel, mas foi expulso de Gaza em 2007 pelo Hamas, após uma breve guerra civil.
Segundo um porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, houve conversações com vários parceiros, incluindo os Emirados Árabes Unidos, sobre opções de governo, segurança e reconstrução, e que foram apresentados pelos parceiros vários projetos de propostas, planos e ideias. “Estas têm sido discussões deliberativas que continuam, à medida que procuramos o melhor caminho a seguir”, explicou.
A reconstrução de Gaza, incluindo as suas instituições políticas, deverá demorar anos e custar dezenas de milhares de milhões de dólares, exigindo um apoio internacional substancial, após 15 meses de campanha militar devastadora de Israel.