“Em Lisboa existem problemas sérios com construções muito mal preparadas para lidar com sismos”, alerta geólogo

O geólogo Filipe Rosas alertou, esta segunda-feira, que em Lisboa “existe um conjunto de construção muito antigas e muito mal preparadas para lidar com um evento de magnitude mais elevado”: em declarações à ‘CNN Portugal’, o especialista lembrou que “do ponto de vista da construção, há um caminho a fazer. Porque há muita construção antiga e como se costuma dizer ‘o que mata não são os sismos, é a construção’, e em Lisboa existem problemas sérios desse ponto de vista”.

O sismo desta madrugada, de acordo com o geólogo, “muda completamente o paradigma da procura que a Proteção Civil e as autoridades devem ter em consideração em termos do risco sísmico em Portugal continental”.

“É sabido que a maior parte dos sismos ativos de magnitude moderada a elevada, ou muito elevada, têm um localização mais para sudoeste, a centenas de quilómetros do offshore, ou seja, para dentro do mar, do Cabo de São Vicente. O que trouxe este sismo é que foi anormalmente chegado para norte. Quer dizer, é um sismo que ocorre provavelmente nas falhas que afetam a plataforma continental, que originalmente são cuevas, ou seja, que estão relacionados no passado geológico com abertura do oceano Atlântico e que são frequentemente retomadas no atual contexto tectónico na proximidade da fronteira de placas euro-asiática e a placa africana”, referiu Filipe Rosas.

“Essas zonas de fraqueza pré-existentes, que se formaram quando o Atlântico se abriu, são ‘utilizadas’ para acomodar a movimentação das duas placas tectónicas. A circunstância de estarmos a testemunhar que há sismicidade moderada associada às falhas do oeste ibérico é um dado novo, quer do ponto de vista da Proteção Civil mas também para o debate da comunidade científica”, apontou, uma vez que mostrou como “a reativação tectónica dessa margem oeste-ibérica muda o paradigma do risco sísmico – as autoridade e Proteção Civil não podem ignorar, a partir deste momento, que no offshore ibérico existem sismos com potencial importante”.

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