“Ela tem carta branca”: O que esperar do regresso de Melania Trump como primeira-dama (que a própria já admitiu que “será diferente”)
Melania Trump, ao que tudo indica, poderá não se instalar na Casa Branca a tempo inteiro durante o segundo mandato do marido, Donald Trump, como presidente dos Estados Unidos. Fontes próximas da ex-primeira-dama revelaram à CNN que Melania está a discutir onde e como passará o seu tempo, mantendo uma postura independente e revelando sinais claros de que esta será uma fase diferente da sua primeira passagem por Washington.
Entre as primeiras decisões formais, Melania Trump já recusou o convite da atual primeira-dama, Jill Biden, para o tradicional encontro de transição, marcado para o dia em que o presidente Joe Biden recebe Donald Trump no Salão Oval. Apesar de membros da equipa de Trump terem sugerido a importância deste encontro, Melania optou por não participar, justificando a sua ausência com compromissos prévios relacionados com a promoção do seu livro. O gabinete da ex-primeira-dama confirmou a decisão no X (antigo Twitter), declarando que Melania não estaria presente.
Mais autonomia e uma “carta branca” para definir o papel
Melania já havia demonstrado o desejo de redefinir o papel da primeira-dama durante o primeiro mandato de Trump, mas desta vez parece estar ainda mais determinada a exercer autonomia. Em entrevista recente à Fox News, declarou: “Não estou ansiosa porque desta vez é diferente. Tenho muito mais experiência e conhecimento. Já estive na Casa Branca antes. Quando regressamos, sabemos exatamente o que esperar.” Segundo Kate Bennett, antiga correspondente da CNN na Casa Branca, Melania Trump “tem carta branca – pode ser tão ativa na Ala Leste quanto inativa quiser,” destacando a liberdade que a ex-primeira-dama pretende ter neste segundo mandato.
Espera-se que Melania Trump passe a maior parte do tempo entre Nova Iorque e Palm Beach, em vez de na Casa Branca, o que é um afastamento das convenções para uma primeira-dama dos EUA. Embora fontes próximas tenham garantido que estará presente em eventos importantes, Melania terá como prioridade o seu filho, Barron Trump, de 18 anos, que atualmente frequenta a Universidade de Nova Iorque. No mês passado, em entrevista à Fox News, Melania falou sobre a decisão de Barron de se estabelecer em Nova Iorque para estudar, afirmando: “Foi a sua decisão vir para aqui, estudar em Nova Iorque, viver na sua casa e eu respeito isso.”
Desde o final do mandato anterior, Melania passou a maior parte do tempo na Florida, onde consolidou uma rede de amigos e uma vida independente. Este novo período poderá oferecer-lhe um equilíbrio entre a vida pessoal e os compromissos oficiais, sem a necessidade de se mudar permanentemente para a residência presidencial.
O histórico de Melania como primeira-dama
Durante os primeiros quatro anos na Casa Branca, Melania manteve um perfil discreto, mas focado em eventos de estado, como recepções para cônjuges de líderes internacionais e cerimónias oficiais. Também lançou a sua iniciativa “Be Best” em maio de 2018, um programa que visava o bem-estar infantil, a crise dos opiáceos e o comportamento online. No entanto, o programa enfrentou críticas pela falta de clareza e execução concreta. Kate Bennett questiona se, neste segundo mandato, Melania poderá simplificar e tornar mais concreto o foco do “Be Best”: “Ela vai trazer o ‘Be Best’ de volta de forma mais clara? É uma plataforma muito ampla, e em certas alturas pareceu confusa. Será que se tornará mais focada em um ou dois aspetos?”
Durante o mandato anterior, Melania Trump foi também alvo de várias críticas e controvérsias. Um dos momentos mais marcantes ocorreu em 2018, quando a então primeira-dama viajou até ao Texas para visitar um centro de acolhimento de crianças migrantes e usou um casaco com a inscrição “I really don’t care. Do u?” (Não me importa. E a ti?). Este episódio gerou uma onda de indignação pública e especulações sobre o significado da escolha de vestuário. A então diretora de comunicação, Stephanie Grisham, negou qualquer mensagem oculta, mas Melania esclareceu posteriormente que a mensagem era dirigida aos críticos.
Baixa popularidade e críticas por inatividade após a Casa Branca
Ao deixar a Casa Branca em 2021, Melania Trump registava um índice de popularidade de 42%, o mais baixo do seu mandato, com 47% dos americanos a expressarem uma visão desfavorável. Kate Bennett sublinha que, ao contrário de outras primeiras-damas que aproveitaram o período após a Casa Branca para consolidar os seus legados, Melania adotou uma postura mais reservada, sem expandir ou fortalecer a sua plataforma.
Nos últimos anos, Melania Trump fez raras aparições públicas e preferiu manter-se afastada da cena política. Entre estas raras presenças esteve a participação no funeral de Rosalynn Carter e alguns eventos de angariação de fundos para os Log Cabin Republicans, um dos quais lhe rendeu um cachê de seis dígitos – algo incomum para ex-primeiras-damas. Num comunicado após uma tentativa de assassinato contra o marido, Melania publicou uma carta apelando à paz e ao respeito, afirmando que “o respeito deve ocupar o lugar de destaque nas nossas relações.”
Mais recentemente, Melania surpreendeu ao abordar o tema do direito ao aborto, posicionando-se a favor da liberdade individual, afirmando: “A liberdade individual é um princípio fundamental que protejo. Sem dúvida, não há espaço para compromissos quando se trata deste direito essencial que todas as mulheres possuem desde o nascimento: a liberdade individual.” Donald Trump, segundo Melania, “sempre soube da minha posição” e “não ficou surpreendido.”
Uma nova fase como primeira-dama?
À medida que Melania Trump entra neste novo período, surgem questões sobre o que irá preservar e o que mudará no seu papel de primeira-dama. Bennett observa que Melania continua a enfrentar o desafio de equilibrar as expectativas públicas e privadas associadas à função: “Ainda terá de caminhar na linha fina que qualquer primeira-dama enfrenta, razão pela qual este é um papel muito ingrato. É preciso ser inteligente – mas não demasiado. Preocupar-se com a aparência – mas não em excesso. Ter opiniões sobre questões mundiais – mas também saber uma receita de bolachas de Natal.”
Melania Trump parece pronta para redefinir o papel com a autonomia que conquistou e com a experiência adquirida na sua primeira passagem, assumindo um dos papéis mais exigentes na esfera pública dos Estados Unidos.