“É impossível falar de paz na Ucrânia” se Kiev aderir à Nato, avisa porta-voz do MNE da Rússia
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, declarou esta quarta-feira que alcançar uma paz justa na Ucrânia será inviável caso Kyiv perca a sua neutralidade ao aderir a um bloco militar como a NATO, liderada pelos EUA. A afirmação reforça a postura da Rússia de que a adesão da Ucrânia à aliança militar ocidental seria um obstáculo incontornável para qualquer negociação de paz.
Segundo Zakharova, “é impossível falar de paz na Ucrânia se Kyiv abdicar do seu estatuto de neutralidade e se alinhar com uma organização militar como a NATO”. Esta posição, reiterada por Moscovo, surge num momento em que o Ocidente estaria a debater uma proposta que permitiria à Ucrânia juntar-se à NATO em troca da aceitação da perda de controlo sobre territórios atualmente ocupados pela Rússia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, já havia condicionado a abertura de negociações de paz à renúncia, por parte de Kyiv, a vastas áreas de território que Moscovo reivindica, além da retirada do pedido de adesão à NATO. Para Putin, qualquer discussão sobre o fim do conflito só pode avançar caso a Ucrânia reconheça a perda de regiões que a Rússia anexou ou controla desde o início da chamada “operação militar especial” em 2022.
A Rússia tem consistentemente argumentado que a sua ofensiva militar na Ucrânia é uma resposta direta à expansão da NATO para leste, algo que Moscovo considera uma ameaça à sua segurança. Zakharova sublinhou esta posição, afirmando que a operação militar russa foi “uma reação necessária ao avanço da NATO em direção às fronteiras russas”. A visão de Moscovo é que o alargamento da aliança ocidental, iniciado após o colapso da União Soviética, foi um fator decisivo para o aumento das tensões na região.
Nos últimos anos, a Rússia manifestou repetidamente a sua oposição à expansão da NATO, especialmente em países da antiga esfera soviética, que considera essenciais para a sua segurança estratégica. A entrada da Ucrânia na aliança militar ocidental é vista por Moscovo como uma linha vermelha, cujas consequências seriam severas tanto para a segurança europeia como para a paz global.