Desmantelada rede de venda de carros e fuga ao IVA com contas em Portugal

Trinta pessoas foram detidas em Espanha e Alemanha, numa investigação liderada pelo Ministério Público Europeu que levou ao desmantelamento de uma rede transnacional de venda de carros de luxo e evasão ao IVA, havendo contas bloqueadas também em Portugal.

O Ministério Público Europeu (EPPO, na sigla em inglês) divulgou hoje que a “rede criminosa” agora desmantelada levou à detenção de 30 pessoas, inclusive do alegado cabecilha, tendo sido apreendidas 34 propriedades, avaliadas em cerca de 11 milhões de euros, 20 carros de luxo, joias e relógios de alta qualidade e mais de 300 mil euros em dinheiro.

No âmbito da operação, adianta o EPPO, foram ainda bloqueadas “pelo menos 200 contas bancárias” na Alemanha, Lituânia, Portugal e Espanha.

As autoridades espanholas calculam que o alegado esquema fraudulento de venda de veículos de luxo e evasão fiscal terá lesado o Estado espanhol em cerca de 17 milhões de euros em IVA.

Segundo a EPPO, “estes são os resultados preliminares de 17 buscas realizadas em Espanha e na Alemanha nos dias 18 e 19 de dezembro de 2024, nas casas dos suspeitos e nas instalações de concessionárias de veículos sob investigação”, mas só agora divulgados.

O Ministério Público Europeu indica que o alegado líder da organização criminosa, que tinha escapado a uma ordem de prisão numa investigação separada, foi detido na Alemanha e aguarda agora que seja entregue a Espanha, onde é também objeto de 18 processos judiciais relacionadas com vários casos de tráfico de droga e fraude fiscal.

De acordo com a investigação, o alegado líder da organização criminosa operava a partir da Alemanha, de onde enviava instruções para fornecer veículos a concessionárias localizadas em Espanha.

Os veículos eram distribuídos a partir da Alemanha por meio de duas filiais da organização, que eram responsáveis pelo transporte e entrega dos carros a concessionárias localizadas nas regiões de Levante e Córdoba-Costa del Sol, em Espanha.

Os investigadores suspeitam que um terceiro ramo da organização tenha sido responsável por tecer a complexa rede necessária para perpetrar a fraude fiscal e lavar os lucros resultantes, incluindo “comerciantes desaparecidos” ou empresas de fachada criadas com o único propósito de sonegar o pagamento do IVA.

A investigação e as buscas contaram com o apoio da unidade da Polícia Nacional Espanhola especializada em crimes económicos e fiscais (Unidad de Delincuencia Económica y Fiscal de la Policía Nacional — UDEF), da Agência Tributária Espanhola (Agencia Tributaria) e das autoridades alemãs.

O EPPO é o Ministério Público independente da União Europeia (UE) e é responsável por investigar, processar e levar a julgamento crimes contra os interesses financeiros da UE.