Da Renault à Toyota, passando pela Aston Martin e Ford: como é que as marcas automóveis estão a cortar os seus planos de carros elétricos?
As marcas automóveis estão a inverter os seus planos de veículos elétricos (EV), uma vez que os compradores estão a evitar estes modelos devido aos seus preços, mais altos quando comparados com carros com motor de combustão, e devido ao receio de que possam chegar ao seu destino face à infraestrutura de carregamento precária na maioria dos países.
Já várias marcas moderaram as suas expectativas no crescimento do mercado de EV. Por ordem cronológica, começando pela mais recente, eis as marcas em foco:
Toyota
A Toyota cortou os seus planos de produção de EV para 2026 em um terço, destacou o jornal ‘Nikkei’, no passado dia 6 – a marca japonesa destacou, no entanto, que não há qualquer mudança na sua intenção de produzir 1,5 milhões de BEV (‘Battery Electric Vehicle’) por ano até 2026 e 3,5 milhões até 2030. Ainda assim, salientou que os números não eram metas, mas sim referências para os acionistas.
Nos próximos três anos, a Toyota e a Lexus planeiam adicionar 10 novos modelos BEV, incluindo versões evoluídos da atual arquitetura e-TNGA.
Volvo
A marca descartou, no passado dia 4, a sua meta de se tornar totalmente elétrica até 2030, sublinhando que esperava ainda oferecer modelos híbridos nessa altura: estimou também que entre 90 e 100% dos carros vendidos até 2030 sejam BEV ou híbridos plug-in – já 10% seria os chamados híbridos leves.
Volkswagen
A Volkswagen não alterou as suas metas para 2030 para que os BEV constituam 70% das vendas na Europa e 50% nos EUA e na China, apesar de alertar repetidamente sobre a desaceleração da procura. No entanto, o chefe de tecnologia do grupo, Thomas Schmall, disse em agosto último que os planos da VW para novas fábricas de baterias não eram imutáveis e dependiam da procura por EV.
Ford
Em agosto, a Ford reduziu a parcela de gastos de capital anuais planeados dedicados a BEV de 40% para cerca de 30%, dada a sua ênfase crescente em híbridos: indicou também que pretendia acabar com os planos de um SUV elétrico e adiou uma nova versão elétrica da sua pick up mais vendida. Em maio, a marca americana assumiu estar a repensar o seu plano de vender apenas carros elétricos na Europa até 2030, uma vez que as vendas de EV na região não aumentam.
Porsche
Em julho, a marca premium diluiu as suas ambições em EV, dizendo que só conseguiria atingir a sua meta previamente comunicada de 80% de vendas de veículos totalmente elétricos até 2030 se a procura e os desenvolvimentos no setor de EV o justificassem.
Renault
No início de 2022, o CEO, Luca De Meo, disse que todas as vendas da marca Renault na Europa seriam elétricas até 2030. Dois anos depois, a meta foi alterada quando o CEO da marca, Fabrice Cambolive, disse ao ‘Automotive News Europe’ que a Renault estava a seguir uma estratégia dupla de oferecer EV e carros com motor de combustão pelos próximos 10 anos, ou seja, além de 2030.
GM
Em junho, a GM cortou a sua previsão de produção de BEV para 2024 e, em julho recusou-se a reiterar a sua previsão de produzir um milhão de BEV na América do Norte até ao final de 2025.
Mercedes-Benz
A marca alemã indicou, em fevereiro, que as vendas de EV, incluindo híbridos, representariam até 50% do total até 2030. Desacelerou também os seus planos de capacidade de células de bateria, porque a procura por veículos elétricos não aumentou.
Bentley
A Bentley tinha como meta uma linha totalmente elétrica até 2030, mas em março o então CEO Adrian Hallmark disse que o plano havia sido adiado para se concentrar mais em modelos híbridos plug-in.
Aston Martin
A marca britânica apontou, em fevereiro, que espera lançar o seu primeiro BEV de nova geração em 2026. “A procura do consumidor (por BEV), certamente num ponto de preço da Aston Martin, não é o que pensávamos que seria há dois anos”, disse o presidente executivo Lawrence Stroll na época.