Costa a caminho do Conselho Europeu? Próximas 72 horas são decisivas para o ex-primeiro-ministro
António Costa é o principal candidato dos socialistas para a presidência do Conselho Europeu, com o apoio claro do chanceler alemão Olaf Scholz e do chefe do governo espanhol Pedro Sánchez.
De acordo com informações apuradas pelo Expresso, Sánchez tem estado ativamente a contactar outros líderes europeus para garantir que o ex-primeiro-ministro português possa voltar a ter assento nas cimeiras europeias, desta vez como presidente.
O nome de Costa será discutido durante o jantar de líderes na próxima segunda-feira, onde serão negociados os cargos de topo europeus. Este pacote inclui Ursula von der Leyen para a liderança da Comissão Europeia, a primeira-ministra da Estónia, Kaja Kallas, como alta-representante da UE para a política externa, e Roberta Metsola como recandidata ao Parlamento Europeu. Fontes indicam que este cenário é “estável” e “provável”, com um “claro consenso a emergir”, embora nada esteja decidido até todas as negociações estarem concluídas.
Costa conta com o apoio generalizado da família socialista europeia, potenciado pelo aval de Scholz e Sánchez, bem como pelo presidente do Partido Socialista Europeu (PES), Stefan Lofven. O ex-primeiro-ministro sueco tem mantido contacto com líderes socialistas na oposição em vários países e com o grupo socialista no Parlamento Europeu, vocalizando a preferência pelo português mesmo quando Costa se colocava fora da corrida devido à investigação ligada à Operação Influencer.
Desafios e Alternativas
A única dúvida entre os socialistas é a posição da primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que também é uma possível candidata ao cargo. No entanto, há resistências dentro do PES devido às suas posições em áreas como economia e migrações, e pela falta de representação dos países do sul nos cargos de topo. Além disso, Frederiksen considera a política migratória de Costa muito branda.
O resultado das eleições europeias deu a vitória ao Partido Popular Europeu (PPE), que reivindica a presidência da Comissão Europeia para Ursula von der Leyen. Os socialistas, em segundo lugar, exigem a presidência do Conselho Europeu. Costa, com o apoio de Emmanuel Macron e outros líderes de centro-direita como Kyriakos Mitsotakis e Luc Frieden, conta com um largo consenso devido aos seus oito anos no Conselho Europeu e às relações pessoais que criou.
Desafios Logísticos e Estratégicos
Luís Montenegro, primeiro-ministro português, tem trabalhado ativamente para apoiar Costa, tendo comunicado esta intenção aos colegas do PPE. O secretário-geral do PPE, Thanasis Bakolas, afirmou ao Expresso que “os líderes conhecem-no, há um enorme respeito por ele, é um político muito construtivo e isso tem peso”, mas destacou a necessidade de reciprocidade na negociação dos cargos de topo.
A Operação Influencer, que envolveu suspeitas de corrupção no governo de Costa, inicialmente prejudicou a sua popularidade em Bruxelas. Contudo, a falta de uma acusação formal contra Costa e a decisão da Relação que não encontrou provas contra ele, foram limpando a sua imagem. Costa deixou claro na noite das eleições europeias que estava disponível para substituir o belga Charles Michel.
Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, afirmou que está “satisfeito” com o apoio do governo à candidatura de Costa, destacando que a presença de portugueses em cargos internacionais é “bom para o país”.
A eleição de Costa depende de uma maioria qualificada dos líderes do Conselho Europeu. O jantar de líderes de segunda-feira, 17 de junho, será um teste crucial para a sua candidatura, ajudando a perceber se há um consenso suficiente para a sua eleição. A negociação dos cargos de topo europeus envolve um equilíbrio complexo de geografia, famílias políticas e género, e está sujeita a reviravoltas inesperadas, pelo que as próximas 72 horas serão decisivas para o ex-primeiro-ministro português.