Assim é o “Corpo de Tempestade”: Os soldados norte-coreanos de elite que se preparam para entrar em combate na Ucrânia

Os “soldados da tempestade”, uma unidade especial de elite da Coreia do Norte conhecida internamente como “Corpo de Tempestade”, estão a caminho da Rússia para reforçar os esforços militares no conflito da Ucrânia. A decisão foi confirmada após duas inspeções feitas pelo líder norte-coreano Kim Jong-un a esta unidade de forças especiais, nos dias 11 de setembro e 2 de outubro, antes do envio inicial de 1.500 soldados ao Extremo Oriente russo.

A operação foi inicialmente revelada pelo Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS), agência que monitoriza os movimentos de Pyongyang e que apontou não só para a venda de munições e mísseis para a Rússia, mas também para a mobilização de tropas que irão atuar diretamente contra as forças ucranianas. Os relatórios do NIS foram corroborados por serviços de inteligência dos Estados Unidos e da NATO na semana passada.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também mencionou a presença iminente de soldados norte-coreanos no campo de batalha, citando fontes da inteligência ucraniana. De acordo com os serviços de Kiev, 12.000 militares norte-coreanos, entre eles 500 oficiais e três generais, já se encontram em bases militares russas, prontos para o combate.

O Corpo de Tempestade faz parte do XI Corpo do Exército norte-coreano e é composto por cerca de 80.000 soldados, incluindo brigadas de infantaria ligeira, aviação e comandos. É uma das forças mais bem treinadas do regime de Kim Jong-un e, segundo Go Myong-hyun, investigador do Instituto de Estratégia de Segurança Nacional de Seul, estes soldados estão “muito melhor preparados e equipados” do que muitos recrutas russos atualmente em combate.

Os soldados norte-coreanos foram escolhidos a dedo pelo regime para missões especiais e são conhecidos pelos intensos treinos físicos e disciplina rígida. Em desfiles militares anteriores, nomeadamente durante as celebrações do 75.º aniversário da fundação da Coreia do Norte, foram apresentados em Pyongyang, com cenas de treino duro na sua base em Tokchon. A mesma unidade foi também destacada durante a pandemia para controlar as fronteiras do país, com ordens de disparar contra qualquer tentativa de entrada ou saída do território.

Imagens e vídeos de soldados norte-coreanos em treino na Rússia, especialmente nas redes sociais e Telegram, foram analisados recentemente. Especialistas notaram que os soldados aparentam ser jovens e com estrutura física esguia, possivelmente resultado das dificuldades alimentares em massa na Coreia do Norte. No entanto, o secretário de Defesa dos EUA confirmou que as tropas norte-coreanas estão realmente em solo russo.

Apesar de Pyongyang ter inicialmente negado os relatórios, descrevendo-os como “infundados”, a propaganda norte-coreana mudou o discurso, afirmando que qualquer decisão de enviar soldados para apoiar a Rússia estaria “em conformidade com o direito internacional”. No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, evitou comentar diretamente a presença destas forças, aumentando as especulações.

Conversas interceptadas por agências de inteligência em Kiev mostram que os soldados russos no terreno estão preocupados com a integração dos soldados norte-coreanos. Os relatórios apontam para dificuldades com o comando e a logística, e prevê-se que seja necessário pelo menos um intérprete para cada 30 soldados norte-coreanos. Além disso, documentos da inteligência de Seul sugerem que as tropas receberam passaportes e uniformes falsos para se misturarem com os contingentes russos, e o seu papel pode ser estratégico para recuperar áreas-chave, como a região de Kursk.

Em troca do envio de tropas e armamento, a Coreia do Norte espera obter tecnologia nuclear e de mísseis avançada, além de lucros financeiros. Segundo analistas, Moscovo deverá pagar aos soldados norte-coreanos o mesmo que aos recrutas russos, o que significaria uma injeção de mais de 24 milhões de euros por mês para o regime norte-coreano, caso os 12.000 soldados reportados por Kiev se confirmem.

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