Componentes de Taiwan usados em bombas planadoras russas na Ucrânia afinal… são falsificações chinesas
A empresa de Taiwan, a ‘Rung Cherng Suspenparts’ (TRC), foi acusada nos últimos dias de modificar e produzir mecanismos para o sistema de bombas planadoras UMPK da Rússia, que converte bombas aéreas não guiadas em munições guiadas e versões russas dos drones kamikazes Shahed.
Nos últimos meses, Moscovo usou mais de 60 bombas planadoras UMPK contra a Ucrânia diariamente, o que resultou em danos significativos na linha da frente e contra residências e infraestruturas civis. Os relatórios apontaram que a TRC teria feito pelo menos cinco modificações para melhorar o design dos mecanismos em nome da indústria de Defesa da Rússia.
No entanto, o vice-presidente da TRC, Chen Shu-mei, salientou que as alegações são completamente infundadas, o que, segundo a publicação ‘Kyiv Post’, levou uma das fontes da acusação original, o ativista ucraniano Vadim Labas, a aprofundar a questão, tendo descoberto um esquema complicado para esconder a verdadeira origem dos componentes de uma empresa chinesa. “Nunca vi um esquema tão complexo e dupla reformulação da marca”, afirmou o especialista em sanções.
Embora os documentos de aquisição parecessem confirmar a fonte dos mecanismos como sendo a empresa de Taiwan, o verdadeiro fabricante era a empresa chinesa ‘KST Digital Technology Limited’, cujo site mostra ser um fabricante especialista nestes mecanismos – no mesmo site, estão mecanismos idênticos aos encontrados nos UMPK e drones Shahed kamikaze de fabrico russo.
A KST tem feito grande parte dos seus negócios nos mercados dos EUA e da UE e criou um esquema para se disfarçar como fabricante para evitar sanções. Até chegarem à Rússia, passam por diversas empresas, com nomes diferentes – algumas das quais fantasmas – até os componentes serem transferidos para empresas que fazem parte do sistema de aquisição de Defesa da Rússia, incluindo as sujeitas a sanções dos EUA e UE, como a ‘Tactical Missiles Corporation’.
“Este esquema de dupla rebranding e falsificação não tem precedentes na sua sofisticação”, disse Labas. “Não se trata apenas de evitar a deteção, mas também de aumentar o custo dos componentes — um preço que a Rússia parece disposta a pagar.” As descobertas de Labas mostraram as falhas na aplicação de sanções, principalmente contra empresas chinesas que continuam a evitá-las mesmo quando são reveladas ligações documentadas com o complexo militar-industrial da Rússia.