Como é que a Europa pode criar ‘superempresas’ para competir com os EUA e a China?

O domínio das empresas dos EUA é inquestionável. Na lista das maiores empresas do mundo por capitalização bolsista, não há presença da União Europeia entre os 10 primeiros lugares, e apenas uma empresa europeia surge entre os 20 primeiros: a dinamarquesa Novo Nordisk, impulsionada pelo sucesso do seu medicamento anti-obesidade Ozempic.

Executive Digest
Outubro 8, 2024
16:11

O domínio das empresas dos EUA é inquestionável. Na lista das maiores empresas do mundo por capitalização bolsista, não há presença da União Europeia entre os 10 primeiros lugares, e apenas uma empresa europeia surge entre os 20 primeiros: a dinamarquesa Novo Nordisk, impulsionada pelo sucesso do seu medicamento anti-obesidade Ozempic.

A ausência europeia é ainda mais notória nos rankings de maiores volumes de negócios ou lucros. O panorama agrava-se no setor tecnológico, onde a Europa está significativamente atrás, revela o ‘El País’.

Um exemplo claro é a legislação de mercados digitais da União Europeia, em vigor há pouco mais de um ano, que impõe regras rigorosas às grandes empresas de tecnologia para proteger a concorrência. No entanto, nenhuma das empresas impactadas por esta lei é europeia.

O relatório recentemente apresentado por Mario Draghi, ex-presidente do Banco Central Europeu, sublinha esta lacuna, destacando que apenas quatro das 50 maiores empresas tecnológicas do mundo são europeias. Draghi apela a uma política de concorrência mais flexível, de modo a permitir que as empresas europeias cresçam e compitam no cenário global.

Este debate sobre a criação de gigantes empresariais europeus não é novo, mas volta a ganhar força no início de uma nova legislatura na União Europeia. O foco está em permitir que as empresas europeias tenham a escala necessária para competir globalmente, com capacidade financeira suficiente para investir e inovar.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, reconheceu a urgência desta questão, referindo-se à necessidade de reformular os critérios de controlo das fusões, considerando a resiliência, inovação e a intensidade de investimento em setores estratégicos. Von der Leyen delegou esta responsabilidade à próxima chefe do Departamento de Concorrência, Teresa Ribera, que terá como missão agilizar os processos de fusão e ajudar a indústria europeia a alcançar uma dimensão competitiva a nível global.

Enquanto isso, especialistas como Viktoria Robertson, professora de Direito da Concorrência na Universidade de Economia de Viena, alertam para os riscos de um poder excessivo por parte das grandes empresas, que muitas vezes suprimem a concorrência e inibem a inovação, revela a mesma fonte. A proposta de Draghi procura um equilíbrio entre promover o crescimento e assegurar uma concorrência justa.

 

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