“Comer cabrito e chanfana em vez de sushi” como estratégia no combate aos incêndios. A necessidade de “repensar a terra” para incentivar a economia rural

No dia em que o Presidente da República e o primeiro-ministro visitam as áreas afetadas pelos incêndios de setembro no norte e centro de Portugal, o comentador Henrique Raposo, destaca a necessidade de “repensar a terra” e incentiva o consumo de produtos tradicionais portugueses, como cabrito e chanfana, em detrimento de opções como sushi, como uma forma de ajudar a combater os fogos florestais.

Henrique Raposo, ao comentar a notícia da Renascença de que os meios aéreos de combate aos incêndios florestais do Estado apenas estarão totalmente operacionais depois de 2030, cita Henrique Pereira Santos, arquiteto paisagista e especialista na área, ao afirmar que as populações urbanas “têm uma fraca compreensão do que é o natural”. O comentador sugere que o foco no combate aos fogos deveria passar por incentivar uma economia rural que ocupe e cuide das áreas afetadas.

Henrique Raposo destaca a iniciativa “Rewilding Portugal” como um exemplo a ser valorizado. Esta iniciativa está a trabalhar para repovoar o território com grandes animais, como o bisonte europeu, com o objetivo de tornar “Portugal selvagem de novo.” A experiência mais avançada deste projeto ocorre em Foz Côa, uma área suscetível a incêndios, onde também estão a ser introduzidas vacas “taurus,” uma espécie geneticamente modificada para se assemelhar ao auroque, um antigo bovino europeu extinto. Estas vacas, ao ocuparem a área, ajudam a limpar os terrenos e, através do ciclo natural, contribuem para que a vegetação seja mais viçosa e os terrenos menos secos, diminuindo assim o risco de incêndios.

Raposo lamenta que o debate em torno dos incêndios se foque frequentemente nos meios de combate aéreos e nos bombeiros, em vez de explorar soluções inovadoras como o “Rewilding Portugal.” Segundo refere, é crucial que figuras de destaque, como o Presidente da República e o primeiro-ministro, deem mais visibilidade, recursos e apoio a estas ideias transformadoras.

Henrique Raposo vai mais longe ao sugerir que os portugueses têm um papel a desempenhar através das suas escolhas alimentares. O comentador argumenta que, ao consumir mais produtos como cabrito, chanfana, borrego, mel e castanhas em vez de sushi, os cidadãos podem contribuir para a criação de uma economia rural sustentável que ajuda a manter as áreas florestais ocupadas e, portanto, menos propensas a incêndios. “Se querem impedir, ajudar a combater os fogos, não comam sushi, comam cabrito ou comam chanfana, borrego ou comam mel, castanhas…”, destaca.

Neste dia, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o primeiro-ministro, Luís Montenegro, visitaram Baião, Vila Pouca de Aguiar e Sever do Vouga, três das localidades mais afetadas pelos incêndios deste mês. Acompanhados pelo ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, e pela Ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, a visita pretendeu destacar a necessidade de adotar novas abordagens para o problema dos fogos florestais.

Os incêndios deste mês resultaram em nove mortes e mais de 170 feridos, tendo consumido cerca de 135.000 hectares entre os dias 15 e 20 de setembro. A área total ardida em Portugal, até ao momento, ronda os 147.000 hectares, tornando este um dos piores anos da última década em termos de destruição provocada pelo fogo, segundo dados do sistema europeu Copernicus.

Henrique Raposo alerta para a tendência dos políticos em focarem-se naquilo que parece ser mais facilmente compreendido pela população, como a aquisição de mais helicópteros e aviões para combater os incêndios. Contudo, o comentador defende que é crucial “repensar o território de outra maneira,” integrando práticas sustentáveis e naturais que ajudem a prevenir e combater os fogos, como a criação de economias rurais ativas e o repovoamento de espécies que auxiliem na gestão dos espaços florestais.

Ao incentivar um regresso a práticas e economias rurais e ao valorizar projetos como o “Rewilding Portugal,” Henrique Raposo desafia as autoridades e a população a considerarem soluções que vão além do combate imediato aos fogos, promovendo uma relação mais sustentável e equilibrada com o território.

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