Comandante russo bêbado que enviou soldados em missão suicida é condecorado pelo Kremlin
Um comandante russo que terá enviado tropas para um ataque suicida na Ucrânia enquanto estava embriagado recebeu o título de ‘Herói da Rússia’ um mês após a missão ,segundo alertou esta terça-feira o canal ‘ASTRA Telegram’, um projeto de jornalistas russos independentes.
Alina Bolvinova, viúva de Mikhail Shcebetun, um dos soldados russos destacados como parte da missão na cidade-chave de Avdiivka, no leste da Ucrânia, contou aos jornalistas o sucedido.
Mikhail Shchebetun assinou um contrato com o Ministério da Defesa russo a 31 de janeiro último: até 11 de fevereiro, esteve numa unidade de treino em Kursk e depois enviado para a unidade militar 29760, 25ª brigada, subordinada a Alexey Ksenofontov, também conhecido como “Tigre”.
Em outubro de 2023, a Rússia lançou uma grande ofensiva em Avdiivka, que tinha sido alvo de agressão das forças de Moscovo desde 2014, quando o presidente russo Vladimir Putin anexou ilegalmente a península da Crimeia.
Avdiivka, que tinha uma população pré-guerra de 32 mil pessoas, caiu para as forças russas a 17 de fevereiro deste ano: de acordo com as autoridades de Kiev, as suas forças retiraram-se da cidade após meses de luta. O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse que a decisão foi tomada para salvar as vidas dos seus soldados, e a Rússia posteriormente assumiu o controlo total da área, marcando a maior vitória de Moscovo em meses.
O coronel russo Aleksey Ksenofontov “ficou bêbado e enviou dezenas de soldados mobilizados e contratados para um ataque mortal”, incluindo Shchebetun, informou a ‘ASTRA’.
“A última vez que o meu marido me ligou foi a 14 de fevereiro de 2024… disse-me que provavelmente seria a nossa última conversa, pois já tinham sido avisados que, assim que chegassem ao local [perto de Avdiivka], os seus telefones seriam confiscados”, lembrou Bolvinova. “O comandante deixou-lhes claro que estavam a ser levados para a morte”, acusou.
Bolvinova disse que soube da morte do marido a 9 de março. Um mês depois, Ksenofontov recebeu o título de ‘Herói da Rússia’: a viúva apelou a Putin sobre a conduta de Ksenofontov na batalha após a morte do seu marido. “Por quanto tempo o comandante da brigada Aleksey Ksenofontov continuará a abusar dos soldados, torturá-los e enviá-los deliberadamente para a morte?”, sustentou.