Carros elétricos ‘sofrem’ no inverno: 10 problemas a que deve estar atento para evitar ficar apeado
Se já usou uma câmara a temperaturas próximas do zero, saberá o que acontece à bateria quando comparado com épocas mais quentes: o mesmo princípio é extensível à utilização dos veículos elétricos no inverno, com especial incidência na autonomia. Este é um ‘pormenor’ que os novos utilizadores de carros elétricos devem ter noção, uma vez que é essencial para o uso diário ou para fazer viagens.
De acordo com o jornal espanhol ‘El Confidencial’, o exemplo do Audi e-tron é paradigmático: a mesma viagem, à mesma velocidade, terminou com um consumo médio de 22,4 kWh/100 km a 16 graus Celsius – a temperatura ambiente ideal para uma bateria de iões de lítio é de entre 20 e 35 graus – e 27,3 kWh/100 km quando estavam apenas 3 graus Celsius. É uma diferença de 21,9%, isto a uma distância de 13 graus Celsius.
Um teste dos noruegueses da NAF, clube automobilístico com vasta experiência em carros elétricos, apontou uma diferença média de 20% entre o consumo de verão e o de inverno – o clube alertou os seus parceiros para que estimem sempre 25% menos autonomia nas suas viagens a frio.
Mas os carros elétricos enfrentam ainda nove outros problemas devidos ao frio.
Ar condicionado
Ao ligar o carro elétrico, o consumo de energia cresce exponencialmente durante os primeiros quilómetros, já que o veículo estacionado por horas, e principalmente à noite, pode ter a cabina praticamente à temperatura ambiente – elevá-la para entre 20 e 22 graus requer um esforço excessivo da bateria. É por isso aconselhável pré-climatizar o interior quando ainda estiver ligado à rede. Assim, além de obter um consumo moderado de energia elétrica, desfruta de maior conforto.
Aquecimento
Mesmo pré-climatizado, uma vez em funcionamento, e principalmente em viagens longas e com temperaturas exteriores muito baixas, o aquecimento ‘tradicional’ aumenta de forma significativa o consumo de bateria e, como tal, reduz a autonomia. Faça o teste: ligue e desligue o aquecimento e vejo o reflexo imediato na autonomia potencial indicada no painel de instrumentos. Com o aquecimento desligado, pode indicar 320 km, descendo para 280 km assim que definir agradáveis 22 graus no interior. Pode resolver este problema aquecendo os bancos e até o volante, sistemas bastante comuns nos carros elétricos, que exigem consumos elétricos menores.
Carregar a bateria logo a seguir à utilização
Outro cuidado a ter com o veículo elétrico no inverno é carregar a bateria assim que utilizar o carro, ao invés de programar a recarga para começar horas depois de o estacionar. Este é o quarto problema: uma bateria fria reduz a sua capacidade de aceitar carga. Assim, se viajar a temperaturas muito baixas, é possível que a bateria só atinja uma boa temperatura de funcionamento duas horas depois, momento em que a recarga seria mais rápida e eficaz.
Assim, se estacionar o carro à noite com a bateria fraca e o deixar a recarregar na manhã seguinte, a carga é mais lenta.
Atenção aos travões
Oxidação dos discos dos travões: já ouviu falar? Tanto o sal que espalha nas ruas devido à neve ou gelo como poeiras podem impregnar estes componentes e acelerar a sua oxidação, já que nos veículos a bateria há muito menos travagens do que nos veículos a gasolina ou diesel. Modelos com função de pedal único são especialmente propensos a essa oxidação, que pode resolver de forma simples: travar de vez em quando. Ou seja, evite parar sempre por inércia ou retenção do próprio motor.
Travagem na neve e no gelo
A travagem, especialmente com a função do pedal mencionada acima. Isto porque em superfícies escorregadias, como neve e gelo, a retenção do motor elétrico na desaceleração torna-se tão forte que pode causar o bloqueio repentino das rodas. Sobretudo nestes modelos pois assim que tira o pé do acelerador vai sentir o efeito de uma verdadeira travagem, o que, em modo neve ou gelo, pode ser assustador.
Assim, em condições climáticas extremas e má aderência, o melhor é desativar essa função no seu carro. Outro detalhe técnico que deve ser levado em consideração: quando a bateria está totalmente carregada, essa retenção é muito fraca porque ‘não há nada para recarregar’, mas, conforme usamos energia, o poder de retenção vai aumentar.
Reação instantânea da mecânica elétrica
É o que fornece a potência e torque do seu veículo, de forma mais imediata da dos motores a combustão. Embora os carros elétricos possuam sistemas que ‘acalmam’ essas acelerações instantâneas, a verdade é que é aconselhável modular a forma como acelera em superfícies molhadas, na neve ou no gelo. Porque uma perda de tração, mesmo que curta, pode fazer com que perca momentaneamente o controlo do veículo ou, pelo menos, desvie da trajetória desejada, principalmente se essa aceleração excessiva ocorrer em curva.
Pneus
Chegamos ao ponto de contacto entre o carro e a estrada: os pneus. A verdade é que os veículos elétricos pesam muito mais do que os de mecânica convencional e conseguem entregar potência de forma mais contundente, dois fatores que prejudicam a vida útil dos pneus – pneus em mau estado são perigosos em qualquer estação, mas no inverno são um perigo real. Importa também perceber isto: devido à sua maior massa, um veículo elétrico submete os seus pneus a tarefas mais complicadas – inércia na travagem e no arranque, força centrífuga nas curvas, entre outros.
Pneus: aderência ou eficiência?
O nono problema que tem de estar atento está relacionado com os ‘sapatos’ do carro: grande parte dos veículos elétricos utiliza pneus com baixa resistência para reduzir o consumo elétrico e aumentar a autonomia. A baixa resistência é sinónimo de baixo atrito ou aderência, o que é um perigo quando as estradas são mais escorregadias e a temperatura é baixa. Por isso, não se esqueça: veículos mais pesados e com pneus com menor aderência influencia a sua condução.
Carros elétricos não deixam de ser… carros. Muitos utilizadores decidem-se pela ausência de manutenção, uma vez que há uma maior simplicidade mecânica no veículo. Mas, além do motor elétrico, há também o óleo dos travões, óleo da transmissão, reservatório de água, líquido de direção e até uma bateria acessória de 12 volts. E se esta bateria é a principal causa de avarias nos modelos a combustão no inverno, não estão isentas de responsabilidades nos modelos elétricos. Se a bateria de 12V não funcionar, o carro não vai funcionar. Com uma agravante: um carro elétrico não começa a andar se decidir empurrar…