Brinquedos tóxicos, árvores gasosas e viagens: como o Natal ajuda a destruir o planeta
Há muitas maneiras de arruinar o Natal: uma delas é a ‘febre’ do consumismo própria desta época que ameaça destruir o planeta. E, de acordo com o jornal ‘POLITICO’, que melhor lugar para começar do que um dos maiores símbolos da época, a árvore de Natal?
O Natal pode ser uma ocasião festiva, e a árvore que fica orgulhosamente na sala de estar não é exceção. No entanto, uma árvore natural emite 16 quilos de CO2 equivalente se for descartada em aterros sanitários após a época festiva: este valor cai para cerca de 3,5 quilos se a queimar como lenha na lareira. Porém, a alternativa é ainda pior: se estiver a pensar abandonar a árvore natural de plástico, saiba que estas têm pegadas de carbono muito maiores, emitindo em média 40 quilos de C02.
Ainda há questão dos pesticidas utilizados: as árvores de Natal naturais são cultivas rapidamente e frequentemente em plantações de monocultura: para proteger de pragas e doenças, são usadas pesticidas: no ano passado, a ONG alemã ‘Bund’ testou algumas árvores em todo o país e encontrou vestígios de pesticidas na maioria.
Por baixo da árvore de Natal – e para fazer a delícia das crianças -, os brinquedos não se saem muito melhor. Segundo um relatório da ‘Toy Industries of Europe’ (TIE), divulgado no início deste ano, cerca de 80% dos mais de 100 brinquedos testados disponíveis online não atenderam aos padrões de segurança da UE. Por exemplo, os produtos de slime continham mais de 13 vezes o limite legal de boro, uma substância química associada a problemas de saúde reprodutiva.
Embora o bloco europeu tenha as regras “mais rigorosas” sobre segurança de brinquedos do mundo, o TIE sublinhou que estas não cobrem vendedores de fora da UE quando a venda é facilitada através do mercado online. “Está a piorar porque essas plataformas estão a tornar-se cada vez mais populares”, referiu Catherine van Reeth, diretora geral da TIE, que recordou que há membros da TIE — que incluem LEGO, The Walt Disney Company e a fabricante de Barbies Mattel — também vendem através de plataformas online. “Mas a diferença é que se compra de uma marca que conhece e que prioriza a segurança, enquanto descobrimos que muitos brinquedos vendidos em mercados online são vendidos por vendedores terceirizados, geralmente de fora da UE, que não se importam realmente com a segurança.”
Por último, os presentes, as viagens e as refeições extravagantes: todas as características comuns da temporada festiva e o pesadelo de um ambientalista. Começando com o desperdício de embalagens: falamos de milhares e milhares de metros de papel de embrulho, que, de acordo com a organização ambiental sem fins lucrativos ‘Repak’, a Irlanda gerou cerca de 97 mil toneladas de resíduos de embalagens no Natal de 2022.
Depois, o desperdício de comida. Segundo um estudo conduzido pela agência francesa de transição ecológica ‘ADEME’ em 2022, 83% das refeições são preparadas em quantidades excessivas durante os feriados.
Mas quando se trata do impacto climático, nada é pior do que voar para casa no Natal. De acordo com a Organização Internacional de Aviação Civil, uma viagem de ida e volta de Londres para Nova Iorque emite bem mais de meia tonelada métrica de dióxido de carbono por passageiro: em média, uma pessoa na Europa emite pouco mais de sete toneladas métricas de CO2 por ano. Ou seja, em dois voos emite-se quase um décimo das emissões que o europeu médio emite ao longo de um ano inteiro.
Para um voo de ida e volta entre Bruxelas e Berlim, o número é pouco menos de 180 quilos de CO2, de acordo com a ICAO. Se quiser ser mais verde, apanhe um comboio. A Eurostar destacou que uma viagem entre Bruxelas e Londres emite 2,9 quilos de CO2 por passageiro, enquanto um avião emite 23 vezes isso, 68,1 quilos.