Anton Yelizarov: Comandante com nome de código ‘Lotus’ apontado como sucessor de Prigozhin no Grupo Wagner
Com a morte de Yevgeny Prigozhin, na queda de um avião, nos arredores de Moscovo, que ainda está envolta em muitas dúvidas, o futuro do Grupo Wagner, que já estava incerto, ficou ainda mais nublado. No entanto, já ganham força os rumores de que já há um sucessor escolhido para ocupar o cargo de líder do grupo mercenário, deixado vago por Prigozhin.
Trata-se de Anton Yelizarov, o único comandante do Grupo Wagner que não morreu na queda de avião. De nome de código ‘Lotus’, Yelizarov é também conhecido como o ‘Conquistador de Soledar’: foi o responsável pela ofensiva que permitiu conquistar esta cidade na região de Donetsk , no final de 2022.
Segundo o major-general Agostinho Costa, em declarações à CNN Portugal, “Prigozhin era um homem da comunicação”. “O comandante militar do grupo é o ‘Lotus’, que foi quem tomou Soledar. Este homem está muito bem posicionado para suceder Prigozhin”, indica.
Com efeito, é celebrado e apoiado pelos mercenários, apesar de manter a vida privada resguardada e não se expor nos meios de comunicação.
Sabe-se, no entanto, que tem uma longa carreira militar, marcada por casos de corrupção e violência.
de acordo com o dissidente russo Mikhail Khodorkovsky, ‘Lotus’ nasceu em 1981 na região russa de Rostov, e formou-se na Escola Militar de Guardas Ulyanovsk Suvorov, no final da década de 1990.
Foi para uma das unidades de elite das forças russas, a Escola Superior de Comando Aerotransportado de Ryazan, e depois destacado para a 7.ª Divisão de Assalto Aéreo de Guardas em Novorossiysk, onde chegou a comandante.
Depois, assumiu o comando da 10.ª brigada de forças especiais separada em Molkino e, em 2014, antes da guerra no Donbass começar, acabou acusado de fraude. EM causa estava a compra de um apartamento do Estado, com recuso a documentos falsos.
Anton Yelizarov acabou condenado a três anos de prisão e ao pagamento de uma multa de cerca de mil euros.
Em conflito com o Ministério Público russo, desvinculou-se das forças do Estado e registou-se, em 2016, no Grupo Wagner. Começou na Síria, onde, em trabalho, logo em 2017 acabou atingido por estilhaços. Em 2018 é transferido para a República Centro Africana, e desempenha funções de instrutor. No ano que antecedeu o estalar da Guerra na Ucrânia, vai para a Líbia para coordenar uma unidade de assalto. Quase por todos os países ocidentais por onde passou, acabou sancionado.
Foi na Ucrânia, e nos combates depois da invasão russa ao país, que ganhou ainda mais reconhecimento e respeito por parte dos mercenários Wagner. O sucesso em Soledar aproximou-o ainda mais de Prigozhin, a quem era muito leal, e a quem terá ajudado na marcha de mercenários contra Moscovo, na rebelião do Grupo Wagner que acabou travada.
‘Lotus’, em entrevista, já comparou o Grupo Wagner à lenda do Rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda: “Todos os comandantes do grupo Wagner são os cavaleiros e o nosso líder é o diretor. Não podemos ser divididos”, indicou no Telegram, sustentando que o grupo funciona numa “estrutura desprovida da componente da corrupção”.