Álvaro Sobrinho acusado de branquear capitais no Sporting. MP diz que usou verbas do BES/Angola para investir no clube

O Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) acusou, nesta segunda-feira, Álvaro Sobrinho, ex-presidente do Banco Espírito Santo Angola (BESA), de um crime de branqueamento de capitais agravado. A acusação está relacionada com o investimento feito por Sobrinho no Sporting Clube de Portugal, que levantou suspeitas quanto à origem dos fundos utilizados.

Segundo revela o Correio da Manhã, acordo com o Ministério Público (MP), Álvaro Sobrinho, através de uma sociedade, investiu inicialmente 16 milhões de euros no Sporting, recebendo como contrapartida um valor calculado sobre a venda dos passes de jogadores, proporcional à percentagem dos direitos económicos que adquiriu através desse investimento. Esta participação permitia-lhe beneficiar diretamente das transferências de jogadores, gerando uma relação financeira significativa entre o ex-banqueiro e a Sporting SAD.

A investigação concluiu que os fundos transferidos por Sobrinho para o clube foram posteriormente convertidos em ações da Sporting SAD. Além dos 16 milhões de euros iniciais, foram injetados mais cerca de quatro milhões de euros com origem semelhante. No total, Álvaro Sobrinho, através da sua sociedade, detinha 29,85% do capital e direitos da Sociedade Anónima Desportiva do Sporting.

O MP argumenta que estas operações financeiras permitiram ao arguido “encobrir o rasto das referidas quantias monetárias”, dissimulando a sua origem ilícita, uma vez que os valores investidos foram alegadamente desviados do BESA, instituição da qual Sobrinho era presidente. A acusação sugere que o ex-banqueiro utilizou este esquema para fazer os montantes parecerem obtidos de forma legal.

O caso de Álvaro Sobrinho está também ligado ao processo do BES Angola, no qual o antigo gestor e Ricardo Salgado, ex-presidente do Grupo Espírito Santo, estão envolvidos. Em julho deste ano, o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa decidiu levar a julgamento Álvaro Sobrinho, Ricardo Salgado e mais três arguidos, validando a acusação do Ministério Público na íntegra.

Sobrinho e Salgado são acusados de terem participado em esquemas fraudulentos que envolveram o desvio de fundos do BESA e do Grupo Espírito Santo, contribuindo para a queda do Banco Espírito Santo em Portugal. Este novo desenvolvimento relacionado com o Sporting reforça as suspeitas sobre o envolvimento de Sobrinho em práticas de branqueamento de capitais, aumentando a pressão sobre o ex-banqueiro à medida que o processo judicial avança.

Este caso lança uma nova luz sobre as operações financeiras realizadas entre Álvaro Sobrinho e o Sporting, e levanta questões sobre a transparência das transações no futebol português. A Sporting SAD foi uma das entidades beneficiadas pelos investimentos de Sobrinho, mas a origem dos fundos agora em causa poderá ter repercussões no clube e na gestão das suas finanças.

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