Acidentes nas estradas custaram 5,5 milhões de euros a Portugal no último ano
Os acidentes rodoviários registados em 2024 geraram um custo total de 5,5 mil milhões de euros para Portugal, equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Este valor representa um encargo médio de 916 euros por cada um dos seis milhões de contribuintes portugueses. Os números, que incluem 140 490 acidentes com vítimas, ainda são provisórios e baseiam-se num estudo oficial de 2021 do Centro de Estudos de Gestão do ISEG, solicitado pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), segundo avança o Correio da Manhã.
Em 2024, foram registados 475 mortos, 2675 feridos graves e 43 239 feridos ligeiros nas estradas do país. Cada vítima mortal teve um custo estimado de 3,3 milhões de euros, acumulando 1,6 mil milhões. Já os feridos graves custaram, em média, 560 mil euros cada, totalizando 1,5 mil milhões. Por sua vez, os feridos ligeiros geraram um impacto financeiro de 54 mil euros por pessoa, ascendendo a 2,3 mil milhões no total.
Impacto humano e económico
O estudo do ISEG identifica dois tipos de custos associados aos acidentes rodoviários: patrimoniais e não patrimoniais. Os primeiros englobam os danos materiais, enquanto os segundos incluem o impacto humano, como a perda de vidas, redução da qualidade de vida, dor física e consequências emocionais. Estes custos humanos representaram cerca de 65% do total dos acidentes com vítimas em 2024, enquanto a perda de produção correspondeu a 27%. Os restantes custos dividiram-se entre danos na propriedade, despesas médicas e custos administrativos.
Os acidentes envolvendo tratores continuam a ser os mais dispendiosos para a sociedade, com um custo médio de 466 998 euros por acidente. Seguem-se os incidentes com veículos pesados (261 906 euros), quadriciclos (239 513 euros) e motociclos com cilindrada superior a 125 cc (235 393 euros).
Sinistralidade por dia, mês e região
Domingo é o dia da semana com o maior custo médio por acidente, estimado em 181 913 euros. Já o mês de agosto lidera em termos de impacto financeiro, com cada acidente a custar, em média, 171 578 euros. Entre os distritos, Beja regista o custo mais elevado por acidente com vítimas (379 098 euros), seguido por Portalegre (322 696 euros) e Évora (263 185 euros).
Os 5,5 mil milhões de euros gastos em 2024 equivalem à soma das fortunas dos 1617 contribuintes mais ricos de Portugal em 2018, ou ao custo estimado de duas novas pistas no aeroporto de Alcochete. Em termos desportivos, esse montante seria suficiente para adquirir 27 jogadores avaliados em 200 milhões de euros, como Erling Haaland ou Vinícius Júnior.
Entre 1995 e 2019, a redução da sinistralidade rodoviária permitiu ao país poupar cerca de 174,8 mil milhões de euros, demonstrando o impacto significativo de medidas preventivas. Contudo, em 2024, o custo da sinistralidade rodoviária evidencia que ainda há um longo caminho a percorrer para reduzir o impacto humano e financeiro dos acidentes.