Mais empresas, mais volume de negócios e exportações, mas crescimento continua a ser reduzido em Portugal

Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, apresentou a evolução do tecido empresarial, numa análise que revela bons indicadores no empreendedorismo, no crescimento do volume de negócios e das exportações

Executive Digest
Outubro 9, 2025
11:40

A transformação do tecido empresarial na última década foi um dos temas apresentados no 10º Congresso do GS1 Portugal, que se realizou esta quarta-feira no Museu do Oriente, em Lisboa, subordinado à ‘Industrialização Verde: Descarbonização, Inovação e IA’.

Teresa Cardoso de Menezes, diretora geral da Informa D&B, apresentou a evolução do tecido empresarial, numa análise que revela bons indicadores no empreendedorismo, no crescimento do volume de negócios e das exportações. No entanto, a mesma análise mostra um tecido empresarial composto por 93% de microempresas em que apenas menos de 4% sobem de escalão de dimensão.

Mais empresas

Nunca houve tantas empresas como hoje. Portugal tem atualmente cerca de 403 mil empresas em atividade, mais de 100 mil do que tinha há 10 anos. Depois de uma quebra na criação de empresas no período da pandemia, este indicador atingiu um máximo histórico em 2023, com a constituição de mais de 52 mil empresas. Além do empreendedorismo, contribuíram também para o aumento do número de empresas ativas o recuo nos encerramentos e nas insolvências.

Mais faturação e emprego

Depois do crescimento verificado em 2018 e 2019, o volume de negócios caiu significativamente em 2020, com a pandemia. No entanto, a resposta surgiu logo a partir de 2021, com crescimentos robustos até 2024. Hoje, o volume de negócios das empresas é 50% superior ao registado em 2011. Embora com um crescimento menos expressivo, o emprego cresceu 25% no mesmo período.

Atividades imobiliárias cresceram mais em todos os indicadores, mas Indústrias mantêm maior volume de negócios e emprego

As Atividades imobiliárias são o setor que regista, desde 2011, os maiores crescimentos em volume de negócios, empregados e criação de novas empresas. O Alojamento e restauração tem também números assinaláveis, sobretudo ao nível do crescimento do volume de negócios. No entanto, são setores mais tradicionais que continuam a concentrar, em termos absolutos, a maior fatia quer do volume de negócios, quer do emprego. Em 2024, Indústrias, Grossistas e Retalho representam, em conjunto, 57% da faturação de todo o tecido empresarial. No que diz respeito ao emprego, quase metade está concentrado nas Indústrias, Serviços empresariais e Retalho.

Exportações cresceram quase 70% face a 2011

As exportações aumentaram significativamente nos últimos anos, designadamente após a pandemia. Em 2024, as exportações representaram um crescimento de 68% face a 2011, correspondendo a 40% do negócio das exportadoras. Portugal tem hoje mais de 42 mil exportadoras, um número que não chegava às 29 mil em 2011. No entanto, a percentagem de exportadora face à quantidade de empresas ativas mantém-se quase inalterada ao longo de todo período, sendo em 2024 de 11%.

Um país de microempresas

93% do tecido empresarial é composto por microempresas. As grandes empresas correspondem apenas a 0,3% do total, sendo a percentagem restante relativa às pequenas e médias empresas. Apesar de serem apenas 0,3%, as grandes empresas representam 44% do volume de negócios de todo o tecido empresarial e 21% do emprego. Pelo contrário, o volume de negócios das microempresas corresponde a 19% do total, sendo importantes no emprego, já que concentram 42% do total.

Poucas empresas ganham dimensão

As empresas precisam de tempo para crescer. Aas grandes empresas têm, em média, mais 9 anos do que as de média dimensão e mais 15 anos do que as de pequena dimensão. Além disso, são poucas as empresas que crescem consecutivamente durante vários anos. Apenas 26% das empresas consegue crescer 3 anos seguidos, uma percentagem que é de apenas 7% para empresas que crescem 5 anos consecutivos. O resultado é que há pouca mobilidade entre escalões de empresas. Entre 2019 e 2024, apenas 3,7% conseguiram este avanço nos escalões de dimensão.

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