Gripe aviária multiplica focos em Portugal e faz disparar preço dos ovos

O aumento dos focos de gripe aviária em Portugal está a ter um impacto direto no mercado dos ovos, com subidas expressivas tanto nos custos de produção como nos preços pagos pelos consumidores.

Revista de Imprensa
Dezembro 15, 2025
9:59

O aumento dos focos de gripe aviária em Portugal está a ter um impacto direto no mercado dos ovos, com subidas expressivas tanto nos custos de produção como nos preços pagos pelos consumidores. Desde o início de 2025, foram identificados 46 focos da doença em 26 concelhos de oito distritos do continente, afetando explorações comerciais, pequenas unidades, capoeiras domésticas e aves selvagens, num cenário que tem pressionado fortemente a fileira avícola.

De acordo com dados divulgados pelo Correio da Manhã, o custo médio de produção de meia dúzia de ovos da classe M passou de 0,98 euros no início do ano para 1,13 euros no início de novembro, um aumento de 15%, enquanto o preço médio de venda ao consumidor subiu de 1,19 euros para 1,54 euros no mesmo período, refletindo uma subida de 29%, com a maior variação a ocorrer entre fevereiro e março, segundo o Observatório de Preços Agroalimentar.

A região Oeste, onde se concentra um número elevado de explorações de galinhas poedeiras, é a mais afetada, com oito focos registados em Torres Vedras, quatro nas Caldas da Rainha e um na Lourinhã. Só desde 1 de novembro, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) confirmou 18 novos focos, sete deles já em dezembro, sendo as galinhas produtoras e reprodutoras, perus de engorda, patos de engorda e frangos as espécies mais atingidas nos últimos dois meses.

No total dos 46 focos identificados desde janeiro, dez ocorreram em estabelecimentos avícolas comerciais, dois em explorações de pequena dimensão, quatro em capoeiras domésticas, três em aves de cativeiro, dois em estabelecimentos mistos, um numa exposição e 24 em aves selvagens. As gaivotas são a espécie mais afetada, mas o vírus já foi também detetado numa cegonha, num corvo-marinho, numa garça e numa rola-turca.

Perante a evolução da doença, a DGAV determinou o confinamento obrigatório das aves de capoeira e de cativeiro e proibiu, em todo o país, eventos como exposições, concursos e iniciativas culturais envolvendo aves. Em 35 concelhos sob restrição sanitária, estão igualmente interditas a circulação de aves, a realização de feiras e mercados, bem como o transporte de ovos e de carne fresca provenientes de estabelecimentos localizados nessas áreas.

As autoridades de saúde europeias alertam para um cenário pré-pandémico e para a necessidade de reforçar medidas de contenção, sublinhando que a gripe aviária de alta patogenicidade se dissemina rapidamente, provoca doença grave e apresenta elevada taxa de mortalidade nas aves. Embora a infeção humana exija contacto muito próximo com aves infetadas e não existam evidências de transmissão através do consumo alimentar, o impacto económico é evidente: em cinco anos, o preço dos ovos mais do que duplicou em Portugal, passando de 43 cêntimos na produção e 71 cêntimos no consumo, em novembro de 2020, para os valores atuais.

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