Greve geral vai parar o país esta quinta-feira: tudo o que precisa de saber – transportes, saúde, escolas, bancos e voos

Portugal enfrenta esta quinta-feira uma greve geral convocada em conjunto pela CGTP e pela UGT

Executive Digest
Dezembro 11, 2025
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Portugal enfrenta esta quinta-feira uma greve geral convocada em conjunto pela CGTP e pela UGT — a primeira paralisação conjunta das duas centrais desde junho de 2013. A ação foi anunciada em reação ao anteprojeto de revisão do Código do Trabalho, designado “Trabalho XXI”, apresentado pelo Governo no final de julho e que propõe mais de 100 alterações, incluindo mudanças em contratos a prazo, despedimentos, licenças parentais e bancos de horas.

A UGT e a CGTP justificam a greve pela natureza das propostas e pela alegada falta de evolução nas negociações em Concertação Social. Desde o anúncio, múltiplos sindicatos setoriais e interprofissionais confirmaram adesão — na aviação, nos transportes, no setor da saúde, na educação, na banca, nos seguros, na indústria, nas comunicações, na cultura e na administração pública — antecipando um dia de forte perturbação na vida quotidiana.

Se tinha planos para ir ao banco, viajar de avião, marcar consultas não urgentes ou tratar de seguros esta quinta-feira, considere que pode enfrentar constrangimentos significativos: muitos serviços vão funcionar apenas em regime de serviços mínimos ou estarão suspensos. Os sindicatos já avisaram que a paralisação pode prolongar-se localmente, com adesões pontuais a ações também esta sexta-feira.

Transportes — mobilidade muito condicionada, metro de Lisboa encerra, linhas reduzidas no Porto e atrasos aeroportuários

O setor dos transportes é esperado como um dos mais afetados:

Metro de Lisboa: encerramento total durante o dia, após decisão do Tribunal Arbitral do Conselho Económico e Social (CES) de não fixar serviços mínimos.

Carris (Lisboa): garantidos serviços em 12 carreiras (703, 708, 717, 726, 735, 736, 738, 751, 755, 758, 760 e 767) e transporte para pessoas com mobilidade reduzida.

Transtejo / Soflusa: operação reduzida, com 25% das carreiras nos períodos de ponta (06h00-09h30 e 18h30-20h00).

CP / Fertagus / Medway: serviços mínimos aplicáveis a comboios de longo curso, regionais e urbanos; a CP já alertou para perturbações desde quarta-feira e permite reembolsos ou trocas gratuitas de bilhetes (procedimentos e prazos disponíveis nos canais oficiais).

Grande Porto: STCP sem serviços mínimos decretados — forte redução do serviço; Metro do Porto funcionará apenas na Linha Amarela (D) e no tronco comum, com frequências muito reduzidas (dois veículos/hora por sentido em grande parte do dia).

Coimbra: Metrobus com serviço completo, mas outros transportes sujeitos a cortes.

Aeroportos / Aviação: a TAP anunciou cancelamentos antecipados e prevê operar cerca de um terço da sua atividade habitual, garantindo voos de regresso a Lisboa e Porto, ligações essenciais à Madeira e Açores e um conjunto limitado de rotas internacionais; a transportadora permite reagendamento gratuito para três dias antes ou depois. EasyJet e outras companhias operam apenas rotas essenciais; SATA internacional assegurou um conjunto reduzido de voos mediante acordo sindical. A redução do serviço de handling poderá provocar cancelamentos adicionais em voos de companhias estrangeiras.

Saúde — apenas serviços essenciais garantidos; consultas e cirurgias não urgentes podem ser adiadas

O Serviço Nacional de Saúde funcionará com serviços mínimos. Estarão assegurados:

– INEM e blocos operatórios de urgência;

– tratamentos crónicos essenciais: hemodiálise, quimioterapia, radioterapia e medicina nuclear;

– cuidados paliativos e oncológicos;

– suporte logístico indispensável (medicamentos, exames de diagnóstico, esterilização).

A ministra da tutela e responsáveis hospitalares avisaram que, apesar dos serviços mínimos, cirurgias e consultas programadas serão afetadas. Doentes com tratamentos não urgentes devem contactar antecipadamente unidades de saúde para confirmar horários e eventuais reagendamentos.

Educação — escolas poderão encerrar; aulas canceladas em larga escala

Os principais sindicatos de docentes — FENPROF (ligada à CGTP) e SINDEP (UGT) — aderiram à paralisação, o que implica que muitas escolas não abrirão e aulas serão canceladas. A greve pode prolongar-se para esta sexta-feira em algumas instituições, devido à convocatória da Função Pública.

Pais e encarregados de educação devem confirmar o funcionamento das escolas junto das respetivas direções e preparar alternativas de acolhimento infantil caso seja necessário.

Aviação e handling — sindicatos de cabine e terra mobilizados; TAP e companhias já ajustam operações

Vários sindicatos do setor aéreo confirmaram adesão:

SNPVAC (tripulantes de cabine) e SITAVA (pessoal de terra e handling) aderiram à greve; o SPAC (pilotos) pode decidir juntar-se após assembleia.

A TAP cancelou voos e permite reagendamento proativo e gratuito; priorize o contacto com a companhia para evitar deslocações desnecessárias ao aeroporto.

A atividade de handling (Menzies, Portway) está reduzida conforme acordos e serviços mínimos — algumas companhias poderão ver voos cancelados por falta de handling.

Banca, seguros e serviços financeiros — grande adesão sindical e potencial impacto nos balcões

Os sindicatos bancários (SNB, SNQTB, SBC, Mais Sindicato, sindicatos da CGD) aderiram à greve, incluindo pela primeira vez o SNQTB. O setor financeiro manifestou preocupação com alterações ao regime laboral (outsourcing, despedimentos, bancos de horas), classificadas como potencialmente danosas para os trabalhadores.

Consequências práticas: possíveis encerramentos de balcões, atendimento limitado ou reorganizado. Se planeava tratar de assuntos bancários, subscrever seguros ou validar operações financeiras, antecipe constrangimentos: prefira operações online e contacte previamente o seu banco.

Energia, telecomunicações, cultura e indústria — adesões setoriais e serviços mínimos

Energia (Grupo REN): acordou serviços mínimos equivalentes a níveis de fim de semana/feriado.

Telecomunicações: trabalhadores do Grupo Altice, e prestadores de serviços à Vodafone (Rhmais, Randstad) aderiram; impacto em call centers e serviços de campo possível.

Cultura: Sindicato dos Trabalhadores de Espetáculos, Audiovisual e Músicos aderiu, com cancelamentos e adiamentos prováveis de eventos.

Indústria: a comissão de trabalhadores da Autoeuropa prevê elevada adesão, com impacto em produção e logística.

Administração pública, forças de segurança e ações de rua

A FESAP (federação sindical da administração pública) anunciou adesão e convocou mobilizações. A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia marcou concentrações, incluindo junto à residência do primeiro-ministro. A CGTP agendou ações de protesto em 15 distritos, bem como nos Açores e Madeira.

Negociação política — reuniões sem acordo e percurso parlamentar em aberto

O Governo, depois de apresentar o anteprojeto de “Trabalho XXI”, manteve negociações com a UGT; em encontro recente o diálogo foi descrito como “construtivo”, mas não evitou a convocação da greve. A ministra da tutela afirmou acreditar que a paralisação irá realizar-se.

O Executivo não deu sinais de recuar nos pontos que sindicatos consideram “linhas vermelhas” (outsourcing, flexibilização de despedimentos, bancos de horas individuais). O documento seguirá para o Parlamento caso não haja acordo, cabendo à votação política a decisão final.

O que fazer antes e durante a greve — conselhos práticos para o público

– Verifique voos e comboios nas páginas oficiais antes de sair de casa; opte por reagendar quando possível.

– Adie operações bancárias e contactos com seguros para antes ou depois de 11 de dezembro; use canais digitais.

– Confirme com a escola se haverá aulas; prepare soluções de acolhimento infantil.

– Se tiver consultas ou cirurgias não urgentes, contacte hospital ou centro de saúde para confirmação.

– Trabalhe a partir de casa se o seu trabalho o permitir — evitará deslocações numa manhã de tráfego intensificado.

– Mantenha-se informado através de canais oficiais (entidades transportadoras, SNS, empresas) e dos avisos sindicais.

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