Explicador: relatório revela os “três principais riscos” para a UE em 2026… com outras duas ameaças em monitorização atenta

IUE classifica como ameaça mais provável um ataque híbrido disruptivo contra infraestruturas críticas europeias, incluindo sabotagem subaquática, cortes de energia ou danos a cabos e oleodutos

Francisco Laranjeira
Dezembro 12, 2025
9:44

A União Europeia entra em 2026 com um mapa de riscos marcado por ameaças híbridas, vulnerabilidades externas e incertezas estratégicas. Segundo o ’20Minutos’, o relatório anual do Instituto Universitário Europeu (IUE) destaca três perigos imediatos: ataques contra infraestruturas críticas da UE, a possível rutura com os Estados Unidos como aliado central e o desfecho da guerra na Ucrânia. Estes fatores são considerados os mais prováveis e com maior impacto no curto prazo.

Sabotagens e guerra híbrida são o risco mais iminente

O IUE classifica como ameaça mais provável um ataque híbrido disruptivo contra infraestruturas críticas europeias, incluindo sabotagem subaquática, cortes de energia ou danos a cabos e oleodutos. Estados hostis, como a Rússia ou a Bielorrússia, são apontados como potenciais responsáveis por ações que procuram testar a resiliência europeia. O relatório sublinha que a dissuasão depende cada vez mais da capacidade de proteger redes essenciais e reparar danos rapidamente.

Outro risco de alto impacto é um eventual cessar-fogo na Ucrânia favorável a Moscovo, cenário considerado altamente provável pelos especialistas. A análise alerta que um acordo que legitime ganhos territoriais da Rússia ameaça diretamente a segurança da UE e fragiliza a viabilidade da Ucrânia enquanto Estado soberano e democrático. O relatório assinala igualmente a elevada probabilidade de novo ataque russo contra um país não pertencente à NATO.

A possível retirada dos EUA como aliado estratégico

No plano estrutural, o risco mais profundo reside na deterioração da relação transatlântica. Uma retirada dos Estados Unidos enquanto garante da defesa europeia é descrita como tão impactante quanto o uso de armas nucleares pela Rússia, mas significativamente mais provável. Esta tendência revela uma vulnerabilidade estrutural na arquitetura de segurança europeia, num momento em que Washington encara a UE também como fonte de risco.

Apesar de cenários como um confronto direto NATO-Rússia ou o uso de armamento nuclear serem considerados de altíssimo impacto, são classificados como pouco prováveis.

Indo-Pacífico e Taiwan entram no radar de alto impacto

O quinto grande risco prende-se com um eventual conflito militar entre a China e Taiwan, com impacto elevado sobre cadeias comerciais e alianças globais. O relatório recorda que a UE está mais exposta enquanto potência comercial do que enquanto ator militar direto, o que tornaria um conflito no Estreito particularmente disruptivo.

Riscos médios: terrorismo, crime organizado e migração instrumentalizada

Entre as ameaças de nível intermédio, o relatório inclui a possibilidade de um ataque terrorista em massa, o reforço do crime organizado ligado ao narcotráfico e o uso da migração irregular como instrumento de desestabilização. Crises no Norte de África poderão fragmentar a política europeia e agravar tensões internas.

Conflitos no Médio Oriente e na região MENA são avaliados como moderados no impacto direto, mas potencialmente voláteis, nomeadamente uma rutura do cessar-fogo entre Israel e o Hamas. A instabilidade regional entre Israel e o Irão e as hostilidades dos rebeldes Houthis contra navios europeus no Mar Vermelho também constam da lista de riscos.

O relatório cita a autora do estudo, Veronica Anghel, que sublinha que os riscos convencionais e híbridos estão a aumentar num momento em que os EUA deixam de ver a UE como parceiro prioritário. Para a académica, os europeus terão de planear a sua defesa com base no seu próprio mapa de riscos e não depender exclusivamente da proteção externa.

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