A Administração Trump lançou a sua Estratégia de Segurança Nacional para 2025 que classificou a Europa como estando em decadência, governada por líderes considerados fracos, e alertando para um suposto risco de “apagamento civilizacional”. De acordo com a Casa Branca, a política de imigração europeia estaria a permitir a chegada de pessoas com ideologias incompatíveis com os valores do Velho Continente, enfraquecendo-o de forma estrutural.
Segundo o texto oficial, os membros da NATO poderiam tornar-se “maioritariamente não europeus” nas próximas décadas. A análise fundamenta-se na chamada Teoria da Grande Substituição, conceito promovido pelo teórico francês Renaud Camus, segundo o qual uma elite global estaria deliberadamente a substituir a população europeia branca por outros grupos. Esta narrativa é defendida por grupos de extrema-direita, apoiantes do MAGA e seguidores do QAnon e passa a integrar, oficialmente, a visão americana sobre a Europa.
O documento recomendou que os EUA intervenham para apoiar grupos políticos alinhados com as políticas americanas e enfraquecer os que se opõem, criticando, por exemplo, a Lei de Serviços Digitais da União Europeia, que exige a moderação de conteúdos online por empresas como Meta, Google e Apple. A Casa Branca acusou os países europeus de “censura” e vê a regulamentação digital como uma ameaça aos interesses das gigantes americanas.
O vice-presidente JD Vance, que acompanhou a primeira viagem ao continente em fevereiro, é apontado como possível autor das diretrizes, reforçando ataques à NATO e à democracia europeia, e demonstrando apoio a partidos de extrema-direita. O documento também reflete a influência da política externa russa, que se tornou referência para setores da extrema-direita e evangélicos cristãos pró-Trump, especialmente através de uma narrativa de defesa de valores cristãos tradicionais e oposição à ajuda europeia à Ucrânia.
O plano americano afirma que, embora grande parte da população europeia deseje a paz, este desejo não se traduz em políticas concretas devido a uma suposta subversão dos processos democráticos por Governos locais. Segundo especialistas, a estratégia de Trump e aliados visa minar a coesão do Ocidente, amplificando a desinformação e a dúvida sobre a legitimidade de governos aliados, como o de Volodymyr Zelensky na Ucrânia.
A implementação das diretrizes pode afetar a perceção de aliados europeus e reconfigurar relações diplomáticas, com impactos potenciais sobre a segurança coletiva e a estabilidade política da UE. Analistas alertam que, ao adotar teorias conspiratórias como base de políticas oficiais, os EUA assumem uma postura que pode comprometer a confiança e a cooperação transatlântica.














