Ex-diretor da NASA propõe no Iscte que empresas usem a “intuição humana” da IA

Jay Liebowitz, ex-diretor de Gestão do Conhecimento do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, vai defender no Iscte que as pequenas e médias empresas (PME) “passem a integrar a Inteligência Artificial (IA) nos seus modelos de negócios para se tornarem mais eficientes e eficazes, desenvolvendo melhores estratégias para o seu crescimento e rentabilidade”.

André Manuel Mendes
Novembro 26, 2025
12:32

Jay Liebowitz, ex-diretor de Gestão do Conhecimento do Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA, vai defender no Iscte que as pequenas e médias empresas (PME) “passem a integrar a Inteligência Artificial (IA) nos seus modelos de negócios para se tornarem mais eficientes e eficazes, desenvolvendo melhores estratégias para o seu crescimento e rentabilidade”.

A conferência internacional “Shaping the Future of Data, Knowledge and Innovation with AI for Global Sustainable Change”, dedicada à aplicação da gestão do conhecimento e da IA nas empresas, decorre entre hoje e amanhã em Lisboa e reúne académicos, líderes empresariais, decisores políticos e investigadores de 21 países, incluindo Portugal, Estados Unidos e Brasil.

Segundo Liebowitz, a IA está a aproximar-se rapidamente de competências até agora vistas como exclusivamente humanas, como a intuição e a empatia: dentro de poucos anos, cada gestor poderá treinar a IA na sua empresa para mimetizar a sua forma de atingir os objetivos. “O objetivo é manter o ser humano no centro da tomada de decisões, recorrendo aos sistemas de IA como complemento”, afirma o especialista.

A sessão de Jay Liebowitz é uma das mais aguardadas, pois vai propor um modelo colaborativo entre a IA e os empresários. “Se a intuição desempenha um papel fundamental no processo de tomada de decisões, esta pode ser treinada pela Inteligência Artificial, levando a que os algoritmos de cada empresa possam reproduzir o tipo de avaliação e de decisão do seu principal gestor perante determinadas circunstâncias”, explica.

O investigador destaca que a intuição é uma competência que pode ser treinada e desenvolvida através de experiências e aprendizagem empírica, podendo os sistemas de IA reproduzir este processo. “Trata-se de um processo rápido, holístico e emocional”, sublinha. Para Liebowitz, tal como os seres humanos, os algoritmos também se treinam automaticamente através de conversas, ciclos sucessivos de erro-correção e estão permanentemente a ser alimentados com nova informação.

“Os empresários tendem a confiar mais na sua intuição para a tomada de decisões do que nos dados internos da sua empresa, por não confiarem plenamente na sua qualidade”, afirma Jay Liebowitz. Ao incluir um algoritmo intuitivo nesse processo, poderão gerar novas estratégias e decisões alinhadas com o pensamento do promotor, tornando as organizações mais eficazes e eficientes. “O objetivo é manter o ser humano no centro da tomada de decisões, recorrendo aos sistemas de IA como complemento, em vez de substituto do juízo humano”, conclui. Nesse sentido, propõe que se adote o termo “Intelligence Amplification” – amplificação da inteligência, em vez de inteligência artificial.

Florinda Matos, docente e investigadora do Iscte e coordenadora da conferência, reforça que a tecnologia deve ser acompanhada de capacitação em gestão: “Acelerar a capacitação em Inteligência Artificial é essencial, mas insuficiente sem gestão do capital intelectual e competências de sustentabilidade. Qualquer programa de formação em IA deve ser acompanhado por capacitação em competências de gestão, em particular na gestão do capital intelectual, bem como por uma aposta consistente na literacia sobre os princípios da sustentabilidade”.

A conferência, promovida com o apoio do CoVE – Fábrica de Competências do Futuro, pretende mostrar que a IA deve integrar um ecossistema mais amplo de competências humanas, gestão do conhecimento e sustentabilidade, traduzindo-se em mudanças duradouras na economia e não apenas em novas ferramentas digitais. “Sem gestão do capital intelectual – ou seja, saber mapear conhecimento, desenvolver competências e reter talento – e sem literacia em sustentabilidade, as empresas não terão ganhos reais de produtividade nem um impacto estruturante no país”, alerta Florinda Matos. “Num tecido dominado por PME e microempresas, muitas vezes com fracas qualificações, se a tecnologia avançar sem as pessoas, o resultado não será inovação, mas sim o desperdício de investimento e o aumento das assimetrias”.

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