O Departamento de Estados dos EUA aprovou venda a Marrocos de lança-mísseis similares aos que o país entregou à Ucrânia, e que mudaram o rumo da guerra desencadeada pela invasão russa, mas o caso promete gerar polémica, já que os mísseis a entregar a Rabat são muito mais potentes do que os que Washington deu à Ucrânia.
Em causa está a entrega de 18 sistemas de lança-mísseis HIMARS e de 112 mísseis de terra-terra de três modelos diferentes, com alcances que variam entre os 82 e os 305 km.
Acontece que os HIMARS entregues à Ucrânia só têm um raio de ação de 90 km, algo que tem sido alvo de pedidos da Ucrânia por mísseis de maior alcance, ao que os EUA têm sempre recusado, por temerem irritar a Rússia, atribuindo a Kiev mísseis que permitiriam atacar a Crimeia, segundo escreve o El Mundo.
O acordo com Marrocos foi fechado por 478 milhões de euros, num pacote que também inclui camiões de transporte e outros veículos de apoio aos lançadores, sistemas de camuflagem e de comunicação avançados e planos de treino para ensinar os soldados marroquinos a usarem as armas.
Para além desta polémica, no mesmo dia os EUA aprovaram a venta a Marrocos de 40 bombas-planadoras lançadas de aeronaves JSOW, aparelhos explosivos de 450 quilos que planam após serem lançados, até atingirem o alvo, e com um raio de ação de 22 a 120 quilómetros.
Esta venda a Marrocos não está a ser bem vista por Espanha, que considera que a decisão de Washington, de reforçar o armamento marroquino, perturba o equilíbrio militar entre os dois lados do estreito de Gibraltar.
Para além disso, teme-se que a ação desencadeie uma corrida às armas, que rapidamente se estenda à vizinha Argélia e a outros países do Mediterrâneo Ocidental e da costa atlântica africana, tornando Marrocos num intermediário de armas, devido às boas relações que tem mantido com os EUA, e perante uma posição fragilizada da Rússia nestes territórios, devido à guerra na Ucrânia.
No entanto, apesar de a venda não se ter consumado ainda, dificilmente poderá ser travada, já que não é necessária qualquer aprovação do Congresso. Teria que haver uma resolução conjunta da Câmara dos Representantes e do Senado contra a venda, o que, tendo em conta a aproximação verificada entre Rabat e Washington nos últimos anos, tem poucas probabilidades de acontecer.














