Do Krampus ao KFC: as tradições de Natal mais estranhas do mundo

O Natal é uma época profundamente marcada por costumes que, vistos de fora, podem parecer insólitos. Desde levar plantas para dentro de casa e decorá-las com luzes, até insistir em pratos que dividem opiniões, como as couves-de-bruxelas, as tradições natalícias variam amplamente consoante o país

Francisco Laranjeira
Dezembro 25, 2025
19:00

O Natal é uma época profundamente marcada por costumes que, vistos de fora, podem parecer insólitos. Desde levar plantas para dentro de casa e decorá-las com luzes, até insistir em pratos que dividem opiniões, como as couves-de-bruxelas, as tradições natalícias variam amplamente consoante o país.

No Reino Unido, os rituais de Natal mantêm-se relativamente estáveis, mas tornam-se discretos quando comparados com práticas adotadas noutros pontos do mundo. Enquanto os britânicos discutem quando montar a árvore ou se devem trocar o peru por carne de vaca, há países onde o Natal inclui lançar sapatos, esconder vassouras, decorar árvores com teias de aranha ou até servir frango frito de uma cadeia de fast food.

De acordo com o ‘The Independent’, estas tradições, algumas com séculos de história e outras surpreendentemente recentes, fazem parte do imaginário festivo global, da Europa à América Latina, da Ásia ao Ártico.

Alemanha e Áustria: o Krampus que pune os desobedientes

No folclore alpino austro-bávaro, o Krampus é a figura sombria associada ao Pai Natal. Peludo, com cascos e grandes chifres, surge como o castigador das crianças mal-comportadas. Todos os anos, a 5 de dezembro, várias cidades da Alemanha e da Áustria celebram a Krampusnacht, com desfiles em que centenas de pessoas percorrem as ruas mascaradas como a criatura.

Catalunha: troncos que “defecam” presentes

Na Catalunha, uma das tradições mais peculiares é o caga tió, um tronco sorridente colocado dentro de casa nas semanas que antecedem o Natal. Alimentado diariamente, é depois “espancado” na véspera para libertar doces e prendas. A região é também conhecida pelos caganers, pequenas figuras em posição de defecar que surgem nos presépios e que hoje representam todo o tipo de celebridades.

Caracas: patins a caminho da igreja

Na capital da Venezuela, é comum deslocar-se de patins para as missas matinais durante o período natalício. Entre 16 de dezembro e a véspera de Natal, várias ruas chegam a ser encerradas de manhã para permitir esta tradição.

Japão: o Natal servido em balde

Apesar de o Natal não ser feriado nacional no Japão, a data é amplamente celebrada. Uma das tradições mais curiosas passa por encomendar frango frito do KFC, muitas vezes reservado com mais de um mês de antecedência. A semana anterior ao dia 25 é considerada a mais lucrativa do ano para a cadeia no país.

Portugal: lugares à mesa para quem já partiu

Em Portugal, o Natal assume também uma dimensão de memória. Algumas famílias mantêm a tradição da consoada, reservando lugares à mesa para os familiares falecidos, numa prática associada à boa sorte e a uma celebração mais religiosa.

República Checa: sapatos que preveem casamentos

Durante o Natal, mulheres solteiras lançam um sapato por cima do ombro, de costas para a porta de entrada. Se o calçado cair com a ponta virada para a porta, acredita-se que um casamento poderá estar próximo.

Noruega: esconder vassouras contra espíritos

Na Noruega, existe a crença de que a véspera de Natal coincide com a chegada de bruxas e espíritos malignos. Para se protegerem, muitas famílias escondem vassouras e esfregões antes de se deitarem.

Ucrânia: árvores cobertas de teias de aranha

As árvores de Natal ucranianas são tradicionalmente decoradas com aranhas e teias falsas, um símbolo de boa sorte inspirado numa antiga lenda popular. Desde 2023, o país passou a celebrar oficialmente o Natal a 25 de dezembro.

Gronelândia: iguarias para paladares corajosos

Na Gronelândia, o Natal inclui pratos pouco convencionais, como mattak, pele de baleia crua com gordura, ou kiviak, um prato feito com aves fermentadas dentro de pele de foca durante vários meses.

Índia: mangueiras em vez de pinheiros

Embora apenas uma pequena percentagem da população indiana seja cristã, o Natal é celebrado com missa da meia-noite e troca de presentes. Na ausência de pinheiros, mangueiras e bananeiras são decoradas como árvores de Natal.

Escandinávia: cabras que simbolizam o Natal

O bode de Yule é um símbolo tradicional do Natal escandinavo. Antigamente associado a um espírito protetor das celebrações, é hoje representado por cabras de palha usadas como decoração, incluindo a famosa cabra gigante de Gävle, na Suécia.

Eslováquia: pudim no teto para atrair sorte

Na ceia de Natal eslovaca, o membro mais velho da família lança um pouco de pudim ao teto. Quanto mais grudar, maior será a sorte esperada para o ano seguinte.

Segundo o ‘The Independent’, estas práticas mostram como o espírito natalício assume formas surpreendentemente diversas, mantendo viva uma época onde o estranho e o simbólico caminham lado a lado.

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