Das primeiras influências à candidatura a Belém: é apresentado esta tarde o livro “Luís Marques Mendes, Uma Vida Política”

Autor Luís Rosa destaca quatro capítulos que percorrem a relação de Mendes com vários protagonistas, as polémicas internas, episódios legislativos decisivos e os bastidores partidários ao longo de várias décadas

Executive Digest
Dezembro 10, 2025
7:30

É apresentado esta tarde – às 18h30 – o livro “Luís Marques Mendes, Uma Vida Política”, da autoria do jornalista Luís Rosa e editada pela D. Quixote, numa cerimónia que vai decorrer na Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa e apresentada pela ex-ministra Leonor Beleza, seguindo depois para o Porto, num evento conduzido por António Lobo Xavier e Pedro Duarte.

O livro reúne 24 capítulos onde o candidato presidencial apoiado por PSD e CDS revisita o percurso pessoal e político, desde as primeiras influências familiares ao comentário televisivo e à candidatura a Belém. Na pré-publicação divulgada pelo ‘Observador’, o autor Luís Rosa destaca quatro capítulos que percorrem a relação de Mendes com vários protagonistas, as polémicas internas, episódios legislativos decisivos e os bastidores partidários ao longo de várias décadas.

O primeiro Governo de Cavaco Silva

Segundo o jornal online, Marques Mendes admite ter vivido “dez anos admiráveis” ao lado de Cavaco Silva e considera-o “o mais reformista primeiro-ministro da democracia portuguesa”. Recorda que o primeiro Executivo, apesar de minoritário, funcionou como um “governo de combate” que geriu “na perfeição as expetativas”, alicerçando reformas futuras apesar dos sucessivos bloqueios parlamentares.

Mendes descreve uma estratégia de iniciativa permanente, marcada por propostas em áreas como educação, saúde, reforma agrária e ordenamento do território. Cada iniciativa chumbada reforçava, diz, a perceção pública de que o Governo queria reformar “mas a oposição não deixava”.

A crise política de 1987, que abriu caminho à primeira maioria absoluta do PSD, é apresentada como consequência de um episódio “insólito”: a visita de uma delegação parlamentar à Estónia soviética contra a posição do Governo. Esse clima, num contexto ainda marcado pela Guerra Fria, acabou por desencadear a moção de censura do PRD, acompanhada pelo PS.

Mendes sublinha dois erros: o PRD não ter percebido o alinhamento da opinião pública com o Governo, e o PS ter visto na moção “um desvio” para chegar ao poder. Mário Soares, afirma, entendeu antes de todos que a estratégia governamental visava precipitar eleições antecipadas que permitissem ao PSD passar de minoritário a maioritário.

Intensidade política e liderança de Cavaco

O candidato presidencial destaca também a dimensão ideológica dos debates da época e a capacidade de Cavaco Silva para liderar o Conselho de Ministros. Distingue dois tipos de chefes de Governo — “coordenadores” e “líderes” — colocando Cavaco na segunda categoria, com planeamento político, aversão ao adiamento de decisões e talento para encontrar soluções quando havia bloqueios ministeriais.

Mendes considera que algumas dessas características — como capacidade de decisão, liderança e construção de pontes — são igualmente relevantes para o exercício presidencial, ainda que o Presidente não tenha poderes executivos.

Forças de bloqueio, escrutínio institucional e casos de corrupção

Abordando as críticas à tese das “forças de bloqueio”, Marques Mendes relativiza a tensão entre Governo, Procuradoria-Geral da República e Tribunal de Contas, explicando que as instituições passaram a ter intervenção mais intensa nos últimos anos do cavaquismo. Reconhece que “os governos não gostam de ser escrutinados”, mas sustenta que estas entidades são essenciais à democracia e que devem ser criticadas sem deixar de ser respeitadas.

Sobre os casos de corrupção que marcaram o final do ciclo cavaquista, o candidato rejeita a ideia de um fenómeno endémico e defende que todas as suspeitas devem ser investigadas, sublinhando que a corrupção “não é de esquerda nem de direita”. Considera que algumas situações foram menos escrutinadas por limitações do sistema judicial da época, num período em que diferentes partidos foram atingidos por escândalos distintos.

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