O comissário europeu de Defesa, Andrius Kubilius, alertou esta segunda-feira que a Rússia poderá atacar um país da NATO antes de 2030, “pondo à prova” o Artigo 5 do Tratado de Washington, que prevê a defesa coletiva entre os aliados. A declaração foi feita durante conferências sobre a defesa dos países bálticos contra ameaças semelhantes às sofridas pela Ucrânia.
Kubilius explicou que esta não é uma preocupação meramente teórica. Serviços secretos da Dinamarca, Alemanha e Países Baixos já analisaram cenários de ataque, pelo que a Europa e a NATO “têm de estar preparadas”. O Artigo 5 da NATO estabelece que um ataque armado a um Estado membro implica uma resposta coletiva, podendo incluir o uso da força armada, para restaurar a segurança na região do Atlântico Norte. Desde a sua criação, este artigo só foi invocado uma vez, após os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Kubilius sublinhou ainda que a defesa do Báltico só pode ser eficaz se for construída de forma conjunta, envolvendo Ucrânia e todos os países da fronteira oriental. O comissário lituano defendeu que os Estados bálticos deixem de focar apenas nas suas necessidades individuais e planeiem, coletivamente, quais capacidades e estruturas devem desenvolver em toda a região. Qualquer iniciativa regional nesse sentido, acrescentou, não só é bem-vinda como necessária para a segurança coletiva.
A União Europeia, segundo Kubilius, está pronta para apoiar a região, mas esse apoio será mais eficaz se os países bálticos participarem ativamente no debate europeu, apresentando ideias não só para o seu vizinho imediato, mas também para toda a UE, incluindo o Mediterrâneo e Bruxelas. O comissário frisou que, apesar das preocupações do Báltico já se fazerem ouvir nas instituições europeias, é essencial um diálogo mais alargado com outras regiões do continente para reforçar a compreensão mútua e a coesão estratégica.
A defesa tornou-se uma prioridade absoluta para a União Europeia, com os países do leste a pressionarem por maior autonomia, enquanto Estados como Espanha e Itália procuram redefinir o conceito de segurança não apenas no âmbito da NATO. O novo orçamento europeu propõe a criação de um fundo de competitividade de 410 mil milhões de euros para tecnologias estratégicas, incluindo 131 mil milhões para defesa e espaço, cinco vezes mais do que atualmente, segundo Ursula von der Leyen. Este investimento permitirá duplicar o programa Horizon Europe, quintuplicar a dotação digital e aumentar seis vezes os recursos destinados a tecnologias limpas, bioeconomia e descarbonização, numa clara aposta na soberania europeia.
Além disso, o orçamento reforça o programa Global Europe com 200 mil milhões de euros — um aumento de 75% — dos quais 100 mil milhões serão destinados à recuperação da Ucrânia. Esta estratégia sublinha a visão da União Europeia de que a ampliação e o apoio a países candidatos constituem investimentos estratégicos para a estabilidade e prosperidade, facilitando reformas e integração gradual destes Estados.














