EDP: Responder aos desafios do futuro
A transformação digital é um catalisador crítico para a concretização da ambição da EDP, de liderança do grande desafio da actualidade que é a transição energética. Assim sendo, a transformação digital atravessa de forma transversal toda a cadeia de valor do grupo EDP, incorporando-se em todas as suas áreas de negócio. «A transição energética é um dos maiores desafios da actualidade, e implica uma transformação profunda do sector da energia. A EDP tem como ambição ser líder desta transformação – nesta ambição, a transformação digital é um dos principais catalisadores, crítico para o sucesso. Para garantir o sucesso desta transformação, a EDP está on track para concretizar o seu investimento de mil milhões de euros em digital até 2025 (e mais mil milhões em Inovação, no mesmo horizonte temporal)», explica fonte oficial da empresa à Executive Digest. Este investimento suporta os objectivos da empresa em cinco eixos estratégicos digitais: Digital First & New Business, Data-Centric Decision Making, Efficient Operations, Digital Culture & Ways of Working e Zero Trust Security. Este investimento e eixos de actuação impactam todos os verticais de negócio do grupo, desde a produção de energia até à comercialização, passando pelo transporte e distribuição.
O sector da energia está a passar por uma transformação profunda que inclui os ‘3DS’ (Descarbonização, Descentralização, Digitalização) como forças motrizes. O digital, em particular, terá um papel em todos os grandes desafios do sector Globalmente, 18 vezes mais vendas de automóveis eléctricos nos próximos anos (3 milhões em 2020 vs. 56 milhões em 2030), a experiência de cliente digital de carregamento de mobilidade eléctrica é aqui fundamental; quatro vezes mais adições anuais de capacidade solar fotovoltaica e eólica (250 GW em 2020 vs. 1.000 GW em 2030), grande parte da qual solar residencial e outras distribuídas – pelo que a experiência e envolvimento digital dos clientes é também decisiva.
Nesse sentido, há apenas alguns meses, a EDP lançou a maior instalação solar flutuante num reservatório de barragem na Europa com 5MW de capacidade (Alqueva) – ao ligar-se à rede já existente e complementando a energia hidroelétrica da barragem (a que se adicionará ainda um sistema de armazenamento com baterias, este projecto é um inovador exemplo de hibridização. Também o investimento na expansão, digitalização e resiliência das redes eléctricas é fundamental para permitir a transição energética, uma vez que permitirá acomodar a electrificação de outras utilizações energéticas, a integração de mais energias renováveis, em paralelo com a melhoria do serviço e redução dos custos do sistema.
Mas estes são apenas alguns exemplos de desafios presentes e futuros e de como a transformação digital é fundamental para a EDP em toda a sua cadeia de valor. Deste modo, associados aos cinco principais eixos estratégicos digitais, a EDP tem metas muito concretas: Digital First & New Business (e.g. >=70% de interações de cliente em self-care); Data-Centric Decision Making (e.g. >=90% Manutenção preditiva na produção de energia); Efficient Operations (e.g. >=95% de processos digitalizados); Digital Culture & Ways of Working (e.g. >=10% pessoas em funções digitais; >=75% de Agile em IT); Zero Trust Security (Cybersecurity BitSight Rating em níveis best in class). «Estes e outros objectivos da EDP no digital são largamente suportados por uma aposta forte e inequívoca nos dados e na analítica avançada, que por sua vez depende da prossecução de uma estratégia de movimentação para a Cloud – já em estágio avançado de execução e suportada em múltiplos parceiros, destacando-se os maiores hyperscalers (Microsoft, Google, AWS)», sublinha fonte oficial da empresa.
CLIENTES E ESTRATÉGIA
O sector vive um contexto em que, com a produção e consumo cada vez mais distribuídos, os clientes têm um papel cada vez mais activo no sistema (e.g. painéis solares e carregadores de veículos eléctricos nos clientes residenciais). Adicionalmente, os clientes são também cada vez mais conscientes do seu papel e impacto das suas decisões de consumo no desafio da sustentabilidade, tendo assim um papel mais central no sistema. Nesse sentido, o digital é cada vez mais importante no reforço da relação com os clientes: Suportando a antecipação de necessidades e de perfis de consumo/ utilização de energia (podendo as comercializadoras ter um papel mais de advisory dos clientes); melhorando e personalizando a experiência dos clientes à escala (e.g. recomendando horários/ tarifários/ postos de carregamento de veículos eléctricos, promovendo equipamentos com elevada eficiência energética mediante necessidades específicas dos clientes); promovendo o reforço da relação com os clientes através de experiências digitais centradas no cliente (e.g. visão de perfis de consumo, utilização de carregadores eléctricos, perfis de utilização e produção dos painéis solares, recomendações de utilização/ tarifários, facilidade de contratação e acompanhamento de serviços de operação e manutenção, tais como manutenção e reparação de electrodomésticos nos clientes residenciais).
A estratégia digital da EDP está assente em vários pilares fundamentais, sendo que dois se focam precisamente na estratégica Cloud e a Analítica Avançada/Inteligência Artificial. Relativamente à estratégia Cloud, a EDP tem seguido uma abordagem de Cloud first, isto é, todas as novas aplicações são desenvolvidas por default na Cloud, sendo que adicionalmente há um plano agressivo para migrar grande parte dos workloads que temos on-premises para a cloud pública.
A EDP tem actualmente uma estratégia multi-cloud em vigor, que se reflecte no trabalho e parceria com os três maiores cloud providers (Azure, AWS and Google). Ao alavancar esta estratégia, conseguem tirar partido do melhor que cada cloud provider tem para oferecer, tendo sido feito um grande investimento na definição de um sistema de governance e arquitectura que permita desenvolver workload de forma segura, escalável e cost-effective em cada cloud provider. Os benefícios obtidos a partir desta estratégia têm sido valiosos: Maximizar o potencial de inovação (focando os recursos da EDP naquilo que é diferenciador); Agilidade e flexibilidade (permitindo a implementação e validação de ideias de forma rápida e com um curto time-to-market); Maximizar segurança e resiliência; Redução de dívida técnica.
«Relativamente ao pilar relacionado com Analítica Avançada / Inteligência Artificial, a EDP tem feito um enorme investimento na criação das fundações necessárias para que possamos tirar o máximo partido da enorme quantidade de dados produzidos diariamente. A base deste sucesso deve-se à criação de modelos de dados estruturados, por cada unidade de negócio, que agregam informação das várias fontes e as estruturam em diversos domínios de dados. A par deste armazenamento de dados, enriquecido com a modelação que é feita por equipas que entendem o negócio e a tecnologia, temos vindo a investir na prática de governo de dados nos vários domínios com o intuito de aumentar a confiança global sobre os mesmos, endereçado com tecnologia, processos, políticas e estrutura organizacional», sublinha fonte oficial da empresa.
Este governo e confiança sobre os dados suporta parte do sucesso de aplicação de analítica descritiva (também conhecida como Business Intelligence tradicional), e também de modelos de analítica avançada ou de aprendizagem (também conhecidos por desenvolver comportamentos e resultados normalmente associados a sistemas de Inteligência Artificial). Estes modelos inteligentes trazem valor para o negócio e tornam a empresa mais data-driven, permitindo, por exemplo, a antecipação de problemas na manutenção da rede, a avaliação da vegetação ao longo da rede de distribuição por todo o país, a antecipação dos consumos eléctricos de forma individual e dispersa, prevendo os melhores locais para evoluir a rede pública de mobilidade eléctrica, e a aceleração da produção eólica e solar que são intermitentes e/ou não-despacháveis.
«A EDP tem diversos modelos de entrega, seja por via de equipas dedicadas no negócio, com autonomia e capacidade de desenvolvimento, ou por de equipas de desenvolvimento contínuo em data products em agile com equipas IT e negócio, e ainda por equipas de aceleração através da Digital Factory. Seja qual for o modelo, há um acompanhamento dos diversos centros de competência por forma a garantir a aplicação das boas praticas de governance, ajudando também na concepção, implementação e validação de ideias na perspectiva da realização de valor. A adopção de tecnologia de analítica avançada e a intersecção entre negócio e inteligência artificial são uma das áreas em que a EDP tem investido estratégica e operacionalmente», acrescenta o mesmo responsável.
Em relação à mobilidade, a pandemia acelerou drasticamente a tendência que já se observava de virtualização e digitalização, do trabalho e das relações interpessoais – e o digital foi o grande factor de aceleração desta tendência. O digital permite repensar a forma como trabalhamos e interagimos e, em alguns cenários, já é a nova mobilidade, até por promover menos viagens de trabalho. «Esta mudança de paradigma também impacta o negócio da EDP – não só altera os perfis e hábitos de consumo de energia (e.g. “achatando” as curvas de consumos em muitos clientes residenciais, que têm consumos mais uniformes ao longo do dia), como também impacta o modelo de trabalho dentro do grupo (permitindo um modelo híbrido em que o trabalho remoto é complementado com a utilização dos escritórios e espaços de trabalho partilhados)», conclui fonte oficial da empresa.
Este artigo faz parte do Caderno Especial “Transformação Digital”, publicado na edição de Novembro (n.º 200) da Executive Digest.