ANA: Compromisso com a descarbonização

A ANA é o primeiro grupo de aeroportos com toda a sua rede certificada no nível 4+, reforçando a posição de liderança na descarbonização do sector da aviação. Esta distinção reflecte os esforços na área das energias renováveis, economia circular e protecção ambiental, um exemplo dentro do grupo VINCI. «A acreditação ACA 4+ é um reconhecimento importante para os aeroportos da ANA, que confirma o nosso compromisso com a descarbonização e a gestão ambiental. Este é o nível mais elevado do programa Airport Carbon Accreditation (ACI), demonstrando que estamos a tomar medidas concretas e eficazes para reduzir as nossas emissões de carbono», explica Andreia Ramos, Diretora de Sustentabilidade e Ambiente da ANA, em entrevista à Executive Digest.

A ANA participou igualmente no projecto-piloto para atribuição do novo nível 5, mais exigente, que inclui: Redução da pegada de carbono (âmbitos 1 e 2) em pelo menos 90%; Compensação das emissões residuais com projetos de remoção de carbono; a ANA tem metas alinhadas com o compromisso da EU de descarbonização do setor até 2050.

«Para alcançar estas metas, foi fundamental reforçar a relação com os nossos parceiros: as empresas que operam nos nossos aeroportos, que designamos como stakeholders ou comunidade aeroportuária, que inclui companhias aéreas, agentes de assistência em escala, tráfego aéreo, prestadores de serviço, entre outros. Algumas das acções de alinhamento surgiram através da dinamização de reuniões para partilha de estratégias de redução de emissões e com a revisão dos Planos de Parceria com Stakeholders por aeroporto, criando novas metas de redução e planos de acção conjuntos», acrescenta a mesma fonte.

Como resultado, os aeroportos da Madeira, Ponta Delgada e Beja foram acreditados no novo nível 5, com o anúncio efectuado durante a Conferência das Partes (COP). Estes aeroportos estão agora entre os 10 primeiros do mundo a alcançar este nível. «Os principais pilares do nosso compromisso fazem parte de um sistema de gestão ambiental que não só garante o cumprimento legal, mas também tem como objectivo melhorar continuamente o nosso desempenho ambiental», sublinha o responsável.

Entre estes pilares podemos salientar a Energia e Alterações Climáticas, em que se comprometem a reduzir em 90% as emissões de carbono até 2030. Para isso, estão a implementar um plano ambicioso que inclui a substituição de iluminação convencional por LED, o uso de veículos de baixas ou zero emissões e a produção de electricidade verde através da instalação de painéis fotovoltaicos nos aeroportos. Ao nível da Economia Circular, o principal objectivo é atingir “zero resíduos para aterro” (não enviar resíduos directos para aterro) até 2030. Para tal, promovem nos aeroportos a valorização de resíduos e incentivam a reutilização de materiais e uma triagem eficiente.

Sobre a Proteção dos Recursos Naturais, a ANA está muito empenhada na gestão eficiente da água e à protecção da biodiversidade, testando e implementando projectos inovadores que optimizam o consumo e uso da água e promovem a conservação de espécies e ecossistemas. Dando como exemplo o sistema de rega predictiva, implementado nos Aeroportos de Lisboa, Faro e Madeira, que reduz os consumos de água para rega através de sistemas meteorológicos e de sensores de humidade no solo, reutilização de água dos testes de socorros nos Aeroportos do Porto e Lisboa, ou a reutilização da água das garrafas dos passageiros recolhida na zona de controlo de segurança, para rega e limpeza.

A instalação de painéis fotovoltaicos nos aeroportos permite gerar eletricidade verde e distribuí-la por toda a operação aeroportuária; a implementação de projectos de reutilização de água, como a recuperação da água nas zonas de controlo de segurança para limpeza e rega, optimizando assim o uso deste recurso; desenvolvimento de acções de protecção da biodiversidade e a assinatura de acordos com diferentes parceiros para a realização de acções conjuntas que visam a redução de emissões e a promoção de uma mobilidade sustentável nas áreas envolventes dos aeroportos.

Em relação às iniciativas para consciencializar os passageiros e colaboradores sobre a importância da redução da pegada ambiental, a ANA aposta em diversas formas de comunicação. A começar pelas Campanhas de Sensibilização, internas e externas, que destacam práticas sustentáveis, como a redução de resíduos e a economia de água, incentivando uma mudança de comportamento.

Também os Workshops e Formações oferecem formação contínua aos colaboradores sobre práticas de gestão ambiental e a importância da sustentabilidade, ajudando a criar uma cultura ambiental na empresa. Há ainda a utilização de sinalização e painéis informativos nos aeroportos para educar os passageiros sobre como podem contribuir para a sustentabilidade, como a reciclagem e o uso responsável de recursos.

Por outro lado, através do Prémio de Ambiente VINCI, pretende-se incentivar os colaboradores a apresentar ideias e iniciativas que melhorem o desempenho ambiental dos aeroportos e dos restantes sectores do grupo VINCI, promovendo a inovação colectiva e o comprometimento. Também a participação em datas importantes, como o Dia Mundial do Ambiente, reforça o compromisso da ANA com a sustentabilidade e envolver a comunidade aeroportuária em actividades de protecção ambiental. «Essas iniciativas visam não apenas informar, mas também integrar todos os envolvidos, criando uma consciência coletiva em prol de um futuro mais sustentável», conclui oficial da empresa, em entrevista à Executive Digest.

DESAFIOS

Conseguimos segmentar os nossos principais desafios desta forma:

Adaptação às Alterações Climáticas: A adaptação das operações e infraestruturas às consequências das alterações climáticas é complexa e exige investimentos significativos. Nomeadamente ao nível da climatização dos terminais em ondas de calor, reforço dos sistemas de bombagem em zonas mais expostas ao nível de subida de maré, ou substituição de equipamento e vestuário para os colaboradores que trabalham no lado ar e são expostos a temperaturas elevadas mais frequentes.

Integração de Inovação: A implementação de tecnologias inovadoras, como fontes de energia alternativas em que se incluem o SAF (Sustainable Aviation Fuel feito a partir de diversos desperdícios, entre os quais óleos alimentares), o HVO, (Hydrotreated Vegetable Oil, biocombustível produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais) e Hidrogénio, enfrenta vários obstáculos, como os custos de adopção e da adaptação às infraestruturas e equipamentos existentes. Estamos empenhados em superar os obstáculos a esta implementação e mudança.

Sensibilização e Envolvimento dos Colaboradores: É fundamental que todos os colaboradores estejam plenamente conscientes e integrados nas nossas iniciativas ambientais, o que exige formação contínua e uma comunicação eficaz. O melhor exemplo do nosso compromisso é a ação que cada um dos funcionários toma no dia-a-dia para promover a sustentabilidade.

Colaboração com Stakeholders: Estabelecer parcerias eficazes com todas as empresas que operam nos nossos aeroportos, com entidades governamentais e com as comunidades envolventes é essencial para reduzir as emissões coletivamente, o que se torna muito desafiante num sector tão interligado como o da aviação: as aeronaves são das companhias aéreas, autocarros dos agentes de handling, rotas de aterragem e descolagem controladas pelo tráfego aéreo, entre muitos outros intervenientes.

Superar estes desafios é crucial para cumprir os nossos compromissos individuais e coletivos e garantir um futuro mais sustentável.

METAS

As nossas metas estão segmentadas por:

Energia e descarbonização: Comprometemo-nos a reduzir em 90%

Transição energética: Ser um elemento centralizador dentro do sector da aviação promovendo uma operação aeroportuária mais eficaz e garantindo que os nossos operadores têm acesso facilitado a fontes de energia mais limpas, como o SAF, o Hidrogénio ou Eletricidade Verde.

Zero Resíduos para Aterro: Estabelecer a meta de zero resíduos enviados para aterro até 2030, aumentando a taxa de valorização dos resíduos

Redução do Consumo de Água: Reduzir os consumos de água pela metade, atingindo uma média global de 10 litros por Unidade de Tráfego até 2030

Promoção da Biodiversidade: Implementar ações para proteger a biodiversidade, controlando riscos e promovendo iniciativas de conservação dentro e fora dos aeroportos

Certificação ISO 14001: Garantir que todos os aeroportos do grupo estejam certificados de acordo com a norma ISO 14001, promovendo uma gestão ambiental eficaz.

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Redução da pegada ambiental”, publicado na edição de Novembro (n.º 224) da Executive Digest.