O preço do cabaz alimentar monitorizado pela DECO PROteste registou uma ligeira descida na primeira semana de outubro, mas mantém-se substancialmente mais elevado do que há um ano. Esta análise semanal, iniciada em fevereiro de 2022, acompanha a evolução dos preços de um conjunto de 63 Produtos Alimentares Essenciais, cobrindo categorias como carne, peixe, frutas, legumes, laticínios e mercearia.
De acordo com os dados mais recentes, o custo total deste cabaz essencial é de 241,97 euros, o que representa uma descida de 0,48 euros (-0,20%) face à semana anterior. Contudo, em comparação com o início do ano, esta cesta de bens está 5,81 euros mais cara (2,46%) e 15 euros mais cara (6,61%) do que no mesmo período de 2024. Desde janeiro de 2022, a diferença é ainda mais significativa: uma subida acumulada de 54,27 euros (28,91%).
Brócolos lideram aumentos semanais e anuais
Entre os produtos do cabaz, os brócolos destacam-se como aquele cujo preço mais subiu desde o início do ano. Atualmente, um quilo custa 3,87 euros, o que representa um acréscimo de 1,08 euros (39%) face à primeira semana de janeiro de 2025. Na última semana, o aumento foi de 12 cêntimos por quilo (+3%).
Para além dos brócolos, outros produtos com grandes aumentos percentuais desde o início do ano incluem o café torrado moído (+29%), a laranja (+28%) e os ovos (+28%). Quando analisados os dados desde o início da monitorização pela DECO PROteste, em janeiro de 2022, as maiores subidas percentuais verificaram-se na carne de novilho para cozer (+97%), nos ovos (+81%) e na laranja (+77%).
Entre 24 de setembro e 1 de outubro, os produtos que registaram os aumentos percentuais mais significativos foram:
- Batata vermelha (+11%)
- Medalhões de pescada (+8%)
- Flocos de cereais (+8%)
Estes valores evidenciam uma tendência de pressão contínua nos preços, apesar da ligeira redução semanal no custo total do cabaz. Veja abaixo os aumentos:

Especialistas apontam várias causas para o aumento sustentado dos preços dos alimentos nos últimos três anos. A invasão da Rússia à Ucrânia, em 2022, afetou fortemente a oferta de cereais na União Europeia e em Portugal, agravando uma situação já marcada pela pandemia de covid-19 e pela seca. O aumento dos custos de produção, especialmente de fertilizantes e energia, repercutiu-se diretamente nos preços ao consumidor.
Em resposta, o Governo português implementou, em abril de 2023, a isenção de IVA para um cabaz com mais de 40 produtos essenciais. Apesar de inicialmente ter ajudado a conter o aumento dos preços, essa medida revelou-se insuficiente a médio prazo. Em 2024, após a reposição do IVA, os preços continuaram a subir, sendo notórias as altas no custo de azeite, ovos, café e chocolate.
inflação abranda, mas pressão sobre famílias mantém-se
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de inflação média anual foi reduzida para 2,4% no final de 2024, comparada com os 4,3% em 2023 e 7,8% em 2022. Contudo, em abril de 2025 registou-se nova subida da inflação, com uma ligeira desaceleração estimada para setembro (2,4%). Este cenário mantém a pressão sobre o poder de compra das famílias portuguesas.














