O cabaz alimentar deverá encarecer de forma inevitável em 2026, devido à “pressão enorme” sobre a cadeia de valor, afirmou o diretor-geral da APED. Segundo o ‘Jornal de Negócios’, Gonçalo Lobo Xavier destaca que os aumentos salariais têm impacto, mas não explicam por si só a subida dos preços, que resulta sobretudo de custos de produção e de fatores regulatórios e climáticos. O azeite será uma exceção, com uma descida prevista de 14%.
Pressão estrutural na produção: carne, peixe e ovos em alta
A APED, que representa 225 associados, incluindo 60 do retalho alimentar, identifica aumentos expressivos em vários segmentos. “Estamos a estimar subidas na ordem dos 7% na carne e o peixe deverá acompanhar essa tendência”, afirmou o diretor-geral da associação, sublinhando que estes valores derivam de “pressão regulatória e climática que afeta rações, gestão da água e procura por proteínas”.
O responsável refere ainda que o caso dos ovos é “paradigmático” da instabilidade do setor. Em sentido inverso, o azeite — que subiu 16% em dois anos — deverá recuar 14% em 2026.
Segundo o entrevistado, “não é o aumento dos salários que justifica o custo do cabaz alimentar”, uma vez que os agricultores enfrentam uma subida generalizada dos fatores de produção, com impacto em toda a cadeia.
Preços sobem em 2026
Questionado sobre o cenário para o próximo ano, Lobo Xavier foi taxativo: “Julgamos que sim, é inevitável.” A tendência de subida do cabaz mantém-se apesar da previsão de desaceleração da inflação entre 2024 e 2026.
Energia e ISP podem agravar custos
Sobre o impacto do corte do desconto no ISP, o diretor-geral da APED admite que os efeitos ainda não podem ser quantificados, mas antecipa ajustamentos nos contratos de transporte. Sublinha que o retalho opera com margens “de 2% a 3%, às vezes menos”, num mercado “cada vez mais competitivo” e com consumidores “menos fiéis e mais atentos aos preços”.
Marcas próprias reforçam posição, mas não afastam fabricantes
Com as marcas próprias a representarem 47% das vendas em 2024 — o valor mais elevado em 14 anos — Lobo Xavier rejeita a ideia de que este crescimento resulta da retirada de espaço às marcas de fabricante. “O consumidor está satisfeito com a relação preço-qualidade e toma decisões conscientes em função do orçamento”, afirmou.
Para o responsável, a evolução das marcas próprias resulta da “qualidade, inovação e equilíbrio” e não de decisões de linear: é “o mercado a funcionar e a liberdade de escolha”.














