“É inevitável”: Retalho antecipa agravamento dos custos da alimentação em 2026

APED, que representa 225 associados, incluindo 60 do retalho alimentar, identifica aumentos expressivos em vários segmentos

Revista de Imprensa
Dezembro 9, 2025
9:17

O cabaz alimentar deverá encarecer de forma inevitável em 2026, devido à “pressão enorme” sobre a cadeia de valor, afirmou o diretor-geral da APED. Segundo o ‘Jornal de Negócios’, Gonçalo Lobo Xavier destaca que os aumentos salariais têm impacto, mas não explicam por si só a subida dos preços, que resulta sobretudo de custos de produção e de fatores regulatórios e climáticos. O azeite será uma exceção, com uma descida prevista de 14%.

Pressão estrutural na produção: carne, peixe e ovos em alta

A APED, que representa 225 associados, incluindo 60 do retalho alimentar, identifica aumentos expressivos em vários segmentos. “Estamos a estimar subidas na ordem dos 7% na carne e o peixe deverá acompanhar essa tendência”, afirmou o diretor-geral da associação, sublinhando que estes valores derivam de “pressão regulatória e climática que afeta rações, gestão da água e procura por proteínas”.

O responsável refere ainda que o caso dos ovos é “paradigmático” da instabilidade do setor. Em sentido inverso, o azeite — que subiu 16% em dois anos — deverá recuar 14% em 2026.

Segundo o entrevistado, “não é o aumento dos salários que justifica o custo do cabaz alimentar”, uma vez que os agricultores enfrentam uma subida generalizada dos fatores de produção, com impacto em toda a cadeia.

Preços sobem em 2026

Questionado sobre o cenário para o próximo ano, Lobo Xavier foi taxativo: “Julgamos que sim, é inevitável.” A tendência de subida do cabaz mantém-se apesar da previsão de desaceleração da inflação entre 2024 e 2026.

Energia e ISP podem agravar custos

Sobre o impacto do corte do desconto no ISP, o diretor-geral da APED admite que os efeitos ainda não podem ser quantificados, mas antecipa ajustamentos nos contratos de transporte. Sublinha que o retalho opera com margens “de 2% a 3%, às vezes menos”, num mercado “cada vez mais competitivo” e com consumidores “menos fiéis e mais atentos aos preços”.

Marcas próprias reforçam posição, mas não afastam fabricantes

Com as marcas próprias a representarem 47% das vendas em 2024 — o valor mais elevado em 14 anos — Lobo Xavier rejeita a ideia de que este crescimento resulta da retirada de espaço às marcas de fabricante. “O consumidor está satisfeito com a relação preço-qualidade e toma decisões conscientes em função do orçamento”, afirmou.

Para o responsável, a evolução das marcas próprias resulta da “qualidade, inovação e equilíbrio” e não de decisões de linear: é “o mercado a funcionar e a liberdade de escolha”.

Partilhar

Edição Impressa

Assinar

Newsletter

Subscreva e receba todas as novidades.

A sua informação está protegida. Leia a nossa política de privacidade.