Doentes com obesidade podem receber alívio de 1.800 euros anuais com comparticipação dos novos medicamentos

Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu que o regulador está a avaliar a comparticipação destes medicamentos usados também no tratamento da diabetes

Revista de Imprensa
Dezembro 4, 2025
9:52

Os doentes com obesidade poderão vir a poupar até 1.800 euros por ano caso avance a comparticipação dos novos medicamentos inovadores atualmente em análise pelo Infarmed. A possibilidade surge depois de a Organização Mundial da Saúde ter recomendado o alargamento da utilização destes fármacos e a garantia de que sejam financeiramente acessíveis em todos os países, confirmou esta quinta-feira o ‘Correio da Manhã’.

A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, reconheceu que o regulador está a avaliar a comparticipação destes medicamentos usados também no tratamento da diabetes. A responsável sublinhou que a decisão dependerá da avaliação técnica e do enquadramento definido pela Direção-Geral da Saúde, salientando que a recomendação da OMS será considerada no processo.

As projeções realizadas pelo jornal diário, com base em cálculos da presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Paula Freitas, apontam para uma comparticipação entre 30% e 40%. Os medicamentos em causa incluem o Wegovy e o Mounjaro, cujos princípios ativos — semaglutido e tirzepatida — se tornaram referência no tratamento da obesidade.

O Wegovy apresenta um custo anual de 1.836,96 euros nas dosagens mais baixas, sendo que uma comparticipação de 35% permitiria reduzir a despesa em cerca de 643 euros. Na dosagem mais elevada, o valor anual sobe para 2.938 euros, com uma poupança de 1.028 euros. Já o Mounjaro, que custa 2.195,04 euros por ano na dosagem mais baixa, poderia garantir uma poupança de 768 euros. Na dose máxima, o custo anual chega a 5.166 euros, com a comparticipação a permitir reduzir a despesa em 1.808 euros. Paula Freitas esclarece que o Ozempic, embora conhecido, tem uma dosagem inadequada para o tratamento da obesidade e se destina sobretudo à diabetes.

“Uma revolução” no tratamento da obesidade

A endocrinologista considera que estes fármacos representam “uma grande revolução” no combate à obesidade, doença que descreve como “a grande epidemia do século XXI”. Além da perda de peso, destaca benefícios significativos noutras patologias associadas, como doenças cardíacas, diabetes, apneia do sono, problemas renais e hepáticos ou osteoartrite do joelho. Estudos adicionais estão também a avaliar eventuais melhorias em doentes com Parkinson e Alzheimer.

A médica defende que, apesar do impacto positivo dos medicamentos, o tratamento da obesidade exige alterações de estilo de vida, acompanhamento psicológico e intervenção de equipas multidisciplinares. Recorda ainda que se trata de uma doença crónica, pelo que muitos doentes precisarão de medicação prolongada, enquanto outros continuarão a necessitar de cirurgia.

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