O helicóptero do INEM sediado em Loulé voltou a estar fora de serviço e a comprometer o socorro no sul do país. Esta terça-feira, uma vítima em estado crítico, resultante de um acidente grave na Estrada Nacional 2 (EN2), em Castro Verde, teve de ser transportada para o Hospital de Faro por um helicóptero do INEM destacado em Évora, devido à inoperacionalidade do meio aéreo algarvio.
Segundo apurou a CNN Portugal, o helicóptero de Loulé continua inativo por falta de uma peça essencial que ainda não foi substituída. Caso estivesse operacional, seria este o meio aéreo acionado para o transporte da vítima, uma vez que Castro Verde se situa a cerca de 89 quilómetros de Loulé, enquanto a distância até Évora é de aproximadamente 123 quilómetros.
O acidente ocorreu por volta das 14h42 desta terça-feira, ao quilómetro 642 da EN2, e envolveu um motociclo e um veículo ligeiro de mercadorias. Deste embate resultaram dois feridos, um em estado grave e outro com ferimentos ligeiros.
O ferido ligeiro foi transportado por ambulância para o Hospital de Beja, enquanto o ferido grave teve de ser helitransportado para o Hospital de Faro pelo meio aéreo do INEM de Évora. Após a missão, o helicóptero regressou à sua base, aterrando no heliporto de Évora pelas 18h30.
No local estiveram 19 operacionais, apoiados por seis veículos e um meio aéreo.
Helicóptero de Loulé já tinha falhado o transporte de um recém-nascido
Esta não é a primeira vez que a inoperacionalidade do helicóptero do INEM de Loulé tem impacto direto nas operações de emergência. No próprio dia em que foi anunciado como operacional, o aparelho falhou o transporte de um recém-nascido com uma hemorragia cerebral congénita do Hospital de Faro para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa.
Devido à impossibilidade de recurso ao helicóptero, o bebé teve de ser transferido por via terrestre numa ambulância pediátrica, numa viagem que demorou cerca de quatro horas. O menino encontra-se ainda internado nos cuidados intensivos de neonatologia do Hospital Dona Estefânia, com prognóstico muito reservado.
INEM prometeu quatro meios aéreos operacionais, mas Loulé continua parado
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) anunciou, a 1 de novembro, que os quatro meios aéreos de norte a sul do país estavam totalmente operacionais, assegurando o socorro após a Força Aérea Portuguesa ter colmatado falhas anteriores na evacuação médica.
Contudo, desde essa data, o helicóptero de Loulé ainda não realizou qualquer missão de socorro e já falhou duas operações conhecidas publicamente, o que levanta dúvidas sobre a real capacidade de resposta no Algarve e Baixo Alentejo.
A CNN Portugal questionou o INEM sobre as razões da demora na substituição da peça em falta e sobre o impacto que a falta de operacionalidade do helicóptero pode ter na resposta a emergências na região. Até ao momento, não foi obtida qualquer resposta.
A ausência de um meio aéreo operacional no Algarve continua a ser motivo de preocupação entre profissionais de saúde e autoridades locais. O helicóptero de Loulé, pela sua localização estratégica, é essencial para a cobertura de todo o sul do país, incluindo zonas rurais e de difícil acesso no Baixo Alentejo.
Enquanto a substituição da peça não for concretizada, o socorro aéreo na região dependerá de meios mais distantes, como Évora ou Beja, aumentando o tempo de resposta em situações críticas, onde cada minuto pode ser decisivo.














