Por Alexandra Azevedo – Maxfinance Connect
Comprar uma casa é uma das decisões financeiras e emocionais mais relevantes na vida de qualquer pessoa. Quando feita a dois, seja em casamento, união estável ou namoro, pode trazer ganhos significativos, mas também riscos que muitas vezes só se percebem mais tarde. Além disso, há aspetos do crédito habitação que os bancos raramente explicam e que podem mudar toda a estratégia.
- Vantagens de comprar casa em casal
Com dois rendimentos, a capacidade de pagamento aumenta e, com isso, o banco pode aprovar um empréstimo maior, oferecer taxas mais competitivas e permitir acesso a imóveis de melhor qualidade ou localização. Outra vantagem é a divisão dos custos iniciais (entrada, escritura e impostos) e das despesas fixas (seguros, água, luz, condomínio).
Há ainda a estabilidade emocional e logística: comprar casa pode representar compromisso, evitar mudanças de arrendamento, dar liberdade para personalizar o espaço e oferecer previsibilidade nos custos, sobretudo com taxa fixa.
- Riscos e desafios
O mesmo fator que aumenta a capacidade de compra também cria dependência. Se um rendimento falhar por desemprego, doença ou separação, a prestação pode tornar-se insustentável. Em caso de divórcio, a divisão do património dependerá do regime de bens e da capacidade de um dos membros assumir o crédito, o que frequentemente gera litígios longos e desgastantes.
Existe ainda o risco de sobre-endividamento: muitos casais assumem prestações no limite da taxa de esforço aprovada pelo banco. Se houver subida das taxas de juro ou imprevistos financeiros, a margem de segurança desaparece rapidamente.
- O que ninguém explica sobre o crédito imobiliário
Na análise de aprovação, o banco avalia não apenas a situação atual, mas o risco futuro. Assim, pode recusar crédito mesmo com bons salários se houver instabilidade laboral ou dívidas prévias, ou aprovar valores elevados que acabam por pressionar o orçamento familiar.
O custo real do financiamento vai além da TAN (taxa anual nominal). É essencial analisar a TAEG (que inclui seguros, comissões e outros encargos), os seguros obrigatórios (vida e multirriscos, que podem ser renegociados) e as comissões de abertura, avaliação ou manutenção da conta.
Nas taxas variáveis, um spread baixo pode perder relevância se a Euribor subir. Vale sempre ponderar entre taxa fixa, variável ou mista. Além disso, opções como amortização antecipada, renegociação da taxa ou transferência de crédito podem criar poupanças significativas ao longo do tempo.
Comprar casa em casal pode ser uma decisão acertada quando há planeamento realista e algumas salvaguardas:
- Manter uma poupança de emergência equivalente a pelo menos seis meses de prestações.
- Ler o contrato do crédito na íntegra e pedir simulações em diferentes cenários.
A casa pode simbolizar estabilidade e construção de futuro, mas apenas quando comprada com consciência dos riscos e das letras pequenas do crédito habitação.














