Os Estados Unidos propuseram a Portugal um reforço da cooperação militar que passa pela possível aquisição de caças de quinta geração F-35. O tema esteve em destaque durante a receção de boas-vindas ao novo embaixador norte-americano em Lisboa, John Arrigo, que apresentou credenciais ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e reuniu-se com os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo, além de chefias militares, avança o Diário de Notícias (DN).
Washington considera que a modernização da Força Aérea Portuguesa representa uma oportunidade para aprofundar a parceria estratégica com Lisboa, sublinhando a relevância da NATO e o papel da base das Lajes, nos Açores. Para além da vertente militar, os EUA destacam igualmente a dimensão económica da relação bilateral, recordando que são o maior parceiro comercial de Portugal fora da União Europeia.
A proposta surge no momento em que Portugal avalia a substituição da atual frota de caças F-16. A Lockheed Martin, fabricante do F-35, apresentou recentemente a sua proposta em Lisboa, mas enfrenta concorrência direta de outros modelos, como o Gripen sueco da Saab e o Rafale francês da Dassault Aviation. Enquanto o Chefe de Estado-Maior da Força Aérea já manifestou preferência pelo modelo norte-americano, o ministro da Defesa admite considerar opções europeias, tendo em conta também os impactos económicos e industriais de cada escolha.
Segundo o Negócios, a Lockheed Martin acompanha de perto os planos de modernização da Força Aérea e vê neste processo uma oportunidade decisiva para introduzir os F-35 em Portugal. “Temos uma relação de longa data com a Força Aérea Portuguesa e acreditamos que chegou a altura de considerar o F-35 para cumprir a missão aérea”, afirmou Greg Day, responsável pelo desenvolvimento do programa.
O gestor revelou que já existem conversas ao nível governamental entre Lisboa, Washington e o joint program office que gere a frota internacional, mas garantiu que ainda não foi feita nenhuma encomenda. “São discussões governo a governo. Não estou ciente de qualquer ordem colocada até agora”, sublinhou. Quanto a prazos, Day explicou que, em caso de decisão favorável, “um avião standard poderia ser entregue em quatro anos”.
Apesar de os F-35 serem apontados como a opção mais cara, o responsável recusou avançar com valores. “Não damos os preços dos aviões. Isso é um negócio entre Governos. A decisão é de Portugal”, disse. Atualmente, o país dispõe de cerca de seis mil milhões de euros para reforçar o equipamento das Forças Armadas, verba que terá de ser repartida entre diferentes projetos.
Greg Day sublinha que a integração do F-35 na Força Aérea Portuguesa teria um impacto significativo não apenas para Portugal, mas também para a NATO. “A integração do F-35 elevaria a capacidade de dissuasão da Aliança e funcionaria como um anel de defesa em torno das rotas marítimas vitais que passam por Portugal”, afirmou.
No plano económico, a Lockheed Martin já assinou um Memorando de Entendimento com a AED Cluster Portugal para explorar oportunidades de participação industrial. “Procuro um parceiro na indústria que seja forte e com visão de longo prazo. A nossa perspetiva é para todos os negócios da Lockheed Martin e não só para o F-35”, adiantou Day, indicando que essa aposta dependerá de uma eventual compra por parte do Governo português.














