Itália: Ponte de 13 mil milhões entre Sicília e continente pode avançar esta semana após 60 anos de espera

O governo italiano deverá aprovar esta semana o ambicioso projeto para a construção de uma ponte entre a ilha da Sicília e o continente, atravessando o estreito de Messina.

Pedro Gonçalves
Agosto 4, 2025
8:15

O governo italiano deverá aprovar esta semana o ambicioso projeto para a construção de uma ponte entre a ilha da Sicília e o continente, atravessando o estreito de Messina. A informação foi avançada por uma fonte governamental à agência Reuters, que adiantou que a reunião decisiva do CIPESS (Comité Interministerial para a Programação Económica e o Desenvolvimento Sustentável) poderá ocorrer até ao dia 7 de agosto, embora a data exata ainda não esteja formalmente agendada.

O projeto, há muito discutido e sucessivamente adiado, representa um investimento público estimado em 13,5 mil milhões de euros, e poderá tornar-se realidade mais de 60 anos após a realização do primeiro concurso internacional para a construção da ponte. Segundo a empresa pública Stretto di Messina S.p.A., responsável pela coordenação do projeto, a aprovação por parte do CIPESS permitirá o início imediato de trabalhos preliminares, como expropriações de terrenos, estudos arqueológicos e levantamentos geológicos.

Um projeto renascido após anos de incerteza
A ideia de uma ligação física entre a Sicília e a península italiana é antiga. Desde a época do Império Romano que se pensa numa travessia estável do estreito de Messina, que separa a cidade siciliana de Messina da região da Calábria, no sul de Itália. Contudo, apesar de sucessivos estudos e promessas políticas, o projecto foi oficialmente abandonado em 2013, quando o governo de então decidiu extinguir a empresa encarregue da sua execução, no âmbito de uma política de austeridade.

O dossier só voltou a ganhar impulso com a chegada ao poder da atual primeira-ministra Giorgia Meloni, que recuperou o projecto e atribuiu-lhe carácter prioritário dentro do seu plano de infraestruturas estratégicas. O executivo de Meloni comprometeu-se a financiar a construção de uma ponte suspensa com 3,6 quilómetros de comprimento, ligando directamente as margens do estreito — um dos pontos mais estreitos do Mediterrâneo.

A execução da ponte será conduzida por um consórcio liderado pelo grupo italiano Webuild, uma das maiores empresas de construção da Europa, com vasta experiência em obras de engenharia de grande escala. De acordo com o plano actualmente em cima da mesa, a conclusão da obra está prevista para 2032.

Em declarações recentes, o presidente executivo da Webuild, Pietro Salini, destacou o interesse internacional em torno da iniciativa:

“Há uma enorme atenção em todo o mundo. Toda a gente está a olhar para a Ponte de Messina e a fazer-nos perguntas sobre ela”, afirmou Salini, na apresentação dos resultados financeiros semestrais do grupo, citando a dimensão simbólica e técnica do projecto.

Se for concretizada, a ponte do estreito de Messina tornar-se-á a mais longa ponte suspensa do mundo com via ferroviária e rodoviária combinada, representando não apenas um feito de engenharia, mas também uma mudança estratégica nas ligações de transporte italianas — encurtando consideravelmente o tempo de deslocação entre o continente e a Sicília, e reduzindo a dependência do transporte marítimo.

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