Um terramoto de magnitude 8.8 na escala de Richter atingiu a costa sul da Península de Kamchatka, na Rússia, esta quarta-feira. De acordo com as autoridades russas, a água atingiu e inundou a costa de uma das ilhas Curilas, a norte, sem causar vítimas: foram detetadas ondas com até quatro metros de altura.
O terremoto desencadeou alertas de tsunami em vários países, incluindo Japão, China, os territórios americanos do Havai e Alasca, Peru, México, Chile, Equador e Canadá. Todas essas nações são banhadas pelo Oceano Pacífico, a região com maior atividade vulcânica do mundo, e estão localizadas no chamado ‘Anel de Fogo do Pacífico’.
Quatro placas litosféricas em colisão
O ‘Anel de Fogo do Pacífico’ é uma faixa de 40.000 quilómetros nos limites de margem do Oceano Pacífico. Quatro placas litosféricas (ou placas tectónicas) convergem aqui: as do Pacífico, da América do Norte, das Filipinas e da Eurásia. Essas placas criam falhas que, dependendo do seu tamanho, aumentam ou diminuem a probabilidade de terramotos.
Cientistas e sismólogos investigam esta área há anos devido à sua alta atividade sísmica e vulcânica, cujo formato de ferradura se estende do Chile à Nova Zelândia, incluindo todas as ilhas do oceano: 75% dos vulcões do mundo estão localizados nesta faixa, e 90% dos terramotos do planeta, e a maioria dos mais mortais, ocorreram nesta área.
Todos os anos, os países que ativaram alertas de tsunami sofrem o impacto das placas tectónicas sobre as quais se encontram, que estão em constante atrito umas com as outras e, eventualmente, libertam a sua tensão. As bordas de cada placa colidem com as suas vizinhas, gerando um cúmulo de tensão que, quando repentinamente libertado, causa terramotos.
No caso do México, Chile e Japão, uma placa empurra a outra e, ao fazê-lo, estas ficam presas: quando se soltam repentinamente, a terra treme. O país asiático é o cenário ideal para a geração de um terramoto épico, de uma capacidade destrutiva difícil de imaginar, devido às falhas tectónicas que o atravessam.
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— GiamMa-based researchers SDR R&D IoT (@giammaiot2) July 30, 2025
Esperando pelo “Big One” no Japão
Um terramoto com magnitude de 7,0 ou 7,9 é capaz de causar “danos severos”, de acordo com a Universidade Tecnológica de Michigan. Mas e se atingir magnitude 8 ou 9? O “Big One” é um terramoto com potencial de megaimpulso de magnitude 9 ou superior. Não há uma data ou local exatos anunciados, mas espera-se que possa ocorrer no Japão, um país propenso a esse tipo de desastre natural.
O Governo japonês acredita que, se ocorrer um terramoto de grande magnitude, atingiria a Fossa de Nankai (ao sul da Ilha de Honshu, Japão) e produziria ondas de até 30 metros de altura, indicou o site ‘Meteored’. Em 2011, o terramoto de Tohoku, que atingiu magnitude 9,1, causou ondas de quase 40 metros.
Segundo os especialistas, há 82% de chance de um terramoto de grande magnitude ocorrer no Japão nos próximos 30 anos. Um terremoto de magnitude 8 ou 9 poderia matar mais de 300 mil pessoas e destruir milhares de cidades no país do sul da Ásia.
A tsunami wave hit the coast of Japan on July 30, 2025, causing a temporary surge in sea level. This footage, showing the immediate impact of the wave, was captured at Kuji Port, in Iwate Prefecture (northeastern region), around 1 PM.#japan #tsunami #earthquake pic.twitter.com/4ThcLtdPjS
— Tanuki.no.mori (@Tanukinomori_JP) July 30, 2025
Um ‘Big One’ a cada 150 anos
O termo “Big One” teve origem nos Estados Unidos, usado para se referir a um possível terramoto de grande magnitude na Falha de San Andreas, na Califórnia. Este terramoto hipotético devastaria o oeste da América do Norte, com uma magnitude próxima a 8.
Em abril de 1906, um sismo atingiu São Francisco, matando 3.000 pessoas. Foi um dos terramotos mais devastadores já registados na região, com magnitude estimada de 7.9 na escala de Richter. Anos depois, e com registos mais precisos, o terramoto de Kern ocorreu na Califórnia em 1952, com magnitude de 7.5; e o de Landers em 1992, também na Califórnia, com magnitude de 7.3.
No passado dia 17, um sismo de magnitude 7.3 foi detetado na costa do Alasca (EUA), com um epicentro a aproximadamente 80 quilómetros ao sul de Sand Point, de acordo com a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA).
O devastador “Big One” ocorre a cada 150 anos. O último ocorreu há mais de um século, então pode acontecer novamente a qualquer momento. Além disso, há mais de duas décadas, foi emitido um alerta que estimou que o terramoto ocorreria em cerca de 25 ou 30 anos, pelo que não faltará muito tempo.














