Se há algo que caracteriza o presidente Donald Trump é a sua ambição empresarial. Desde que chegou à Casa Branca, em 2016, deixou claro que o seu espírito empreendedor teria consequências nas suas política públicas, na sua posição geopolítica e no seu desejo de ganhar dinheiro, tanto para os EUA como para si. Trump, por natureza, procura conflitos para explorá-los e transformá-los numa genuína fonte de rendimento.
Trump, através de acordos extrajudiciais com gigantes tecnológicos, universidades de elite e redes sociais, já conseguiu acumular quase 300 milhões de dólares em indemnizações, doações para a sua fundação e pedidos de indemnização por danos à reputação, algo que reforça a sua narrativa de o presidente americano luta contra as grandes instituições e vence.
Os acordos com Columbia
A guerra Harvard-Trump também poderia ter sido travada pela Universidade de Columbia. No entanto, os Columbia Lions tomaram um caminho diferente, concordando em pagar 200 milhões de dólares (cerca de 172 milhões de euros) ao Governo de Trump por alegações de falhas em proteger os estudantes judeus durante as várias manifestações pró-palestinianas.
O acordo, que será reembolsado ao Governo federal ao longo de três anos, foi anunciado em comunicado da universidade e confirmado pelo reitor nas redes sociais na semana passada. Em troca, o Governo devolverá parte dos 400 milhões de dólares em verbas federais congeladas em março passado. A universidade destacou também que o acordo não constitui uma admissão de irregularidade.
É evidente que o presidente espera que outras universidades da Ivy League, entre outras, sigam o exemplo da Columbia, não apenas em relação à remuneração monetária, mas também no fim das políticas woke às quais Trump declarou guerra desde a sua primeira legislação.
As batalhas de Trump contra as redes sociais
Após ser banido do Facebook e do Twitter em 2021, após a invasão do Capitólio, Trump não ficou de braços cruzados. Na verdade, processou ambas as plataformas, alegando censura. Embora na época os processos parecessem mais gestos políticos do que reivindicações viáveis, o cenário mudou após o seu regresso ao poder.
O Meta (Facebook) concordou em pagar 25 milhões de dólares – 22 dos quais para a biblioteca presidencial de Trump. O acordo foi selado discretamente logo após a eleição, quando Mark Zuckerberg visitou Mar-a-Lago para aliviar as tensões com o presidente. O caso também atacou implicitamente a cláusula de imunidade da Lei de Decência nas Comunicações (Secção 230), que protege plataformas privadas de responsabilidade pelo conteúdo dos utilizadores.
A mesma história aconteceu com a ‘X’ e o seu ex-CEO, Jack Dorsey, embora Elon Musk já tivesse devolvido a conta ao presidente assim que assumiu a rede social. A quantia foi menor, mas não menos simbólica: 10 milhões de dólares, após um longo processo judicial relacionado com a suspensão da sua conta.
Acordo com a Disney/ABC News
É sabido que quem se mete com Trump recebe a sua parte, mas também é verdade que as palavras são tudo na forma como a informação é recebida. O jornalista George Stephanopoulos pode confirmar isso. Após relatar erroneamente que Trump havia sido considerado culpado de “violação”, quando na verdade foi considerado culpado de “abuso sexual” num processo civil, ele foi processado por difamação.
Embora a Disney estivesse confiante na sua defesa jurídica, optou por um acordo com um pagamento total de 16 milhões de dólares para evitar maiores riscos. O acordo incluiu uma doação de 15 milhões à futura fundação presidencial de Trump e um milhão de dólares em honorários judiciais, além de uma declaração pública de arrependimento da ABC.
Outro possível alvo de Trump
O Google (YouTube) pode ser o próximo alvo. A equipe jurídica de Trump já sugeriu outro acordo com a empresa, que também suspendeu a sua conta após 6 de janeiro de 2021. A plataforma justificou a suspensão alegando “risco de incitação à violência”, seguindo políticas internas semelhantes às do Twitter e do Facebook.
De acordo com fontes jurídicas citadas por veículos de comunicação como o ‘The Wall Street Journal’ e o ‘POLITICO’, os advogados de Trump já entraram em contacto com os representantes legais do Google para discutir um possível acordo extrajudicial semelhante aos anteriores.














