Carneiro tem conselho estratégico com ex-ministros e académicos para repensar o futuro do PS até 2050. Saiba quem integra a ‘equipa’

Num momento em que o Partido Socialista tenta reposicionar-se politicamente após ter sido relegado para a terceira força parlamentar, ultrapassado pelo Chega nas últimas legislativas, o novo secretário-geral José Luís Carneiro avança com a criação de um conselho estratégico composto por 75 personalidades.

Revista de Imprensa
Julho 24, 2025
10:19

Num momento em que o Partido Socialista tenta reposicionar-se politicamente após ter sido relegado para a terceira força parlamentar, ultrapassado pelo Chega nas últimas legislativas, o novo secretário-geral José Luís Carneiro avança com a criação de um conselho estratégico composto por 75 personalidades. O objetivo? Fornecer ao PS pensamento político estruturado, multidisciplinar e a longo prazo, com vista à construção de propostas programáticas sólidas para o futuro do país até 2050. A iniciativa inclui figuras históricas do partido, ex-governantes, académicos, empresários e independentes com reconhecimento nas suas áreas, segundo revela o Público.

Entre os nomes escolhidos por Carneiro para este órgão consultivo, como revela o Público, estão antigos ministros como António Costa Silva, Maria de Lurdes Rodrigues, Nuno Severiano Teixeira, João Soares, José Vera Jardim e Alberto Costa. Também Augusto Santos Silva e Eduardo Ferro Rodrigues, ex-presidentes da Assembleia da República e destacados militantes socialistas, farão parte do conselho. O diplomata e antigo secretário de Estado Francisco Seixas da Costa é outro dos convidados. A missão é clara: aproximar o PS da sociedade civil e desenvolver pensamento estratégico alinhado com os princípios do socialismo democrático.

O documento interno que formaliza o conselho estabelece que o órgão deve “criar pensamento político estratégico, sustentado em evidência, inovação e diálogo com a sociedade”, e funcionar como “um ponto de encontro entre a política e o conhecimento, entre a experiência e a inovação, entre gerações”. Com este laboratório de ideias, o PS pretende dotar-se de uma “capacidade prospetiva” que permita antecipar desafios e propor soluções para uma sociedade em rápida transformação. O conselho terá reuniões trimestrais, produzirá relatórios e cadernos temáticos, e organizará uma conferência anual dedicada à estratégia partidária.

Além dos nomes mais ligados à política, Carneiro reuniu também um grupo significativo de académicos e personalidades da sociedade civil. Já confirmaram presença António Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto, Rui Vieira de Castro, reitor da Universidade do Minho, e António Fernandes Silva, professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Do sector empresarial, participam José António Barros, antigo presidente da Associação Empresarial Portuguesa, e Carlos Vinhas Pereira, líder da Câmara de Comércio e Indústria Franco-Portuguesa. A representação cultural está garantida com o coreógrafo José Manuel Castanheira, os maestros Ferreira Lobo e Vítor Matos, e a ex-diretora artística do CCB, Aida Tavares.

O conselho será estruturado em torno de sete áreas consideradas cruciais para o futuro de Portugal e do mundo: “transição demográfica”; “revolução digital e inteligência artificial”; “sustentabilidade e clima”; “energia e recursos naturais”; “soberania alimentar”; “geopolítica, segurança e defesa”; e “democracia, cultura e cidadania”. Estes eixos temáticos visam dar resposta ao que a nova direção socialista considera serem “mudanças estruturais profundas” que exigem respostas estratégicas e transversais.

O diagnóstico de Carneiro sobre o actual contexto político e social é claro: “O mundo como o conhecemos está a mudar — na forma como vivemos, trabalhamos, produzimos, consumimos, governamos.” O PS pretende assim posicionar-se como partido com visão de futuro, atento às transformações em curso, e capaz de responder com propostas fundamentadas. “O digital, o clima, a energia, a demografia e a geopolítica estão a moldar um novo século”, sublinha o documento. São mudanças que, apesar dos riscos que comportam, “também oferecem oportunidades”.

A liderança socialista quer que este conselho seja um sinal claro de abertura do partido à sociedade e de compromisso com uma nova forma de fazer política: mais informada, participada e orientada para o longo prazo. “Pensar antes de agir, ouvir antes de decidir, propor antes de reagir” é o lema inscrito no documento que enquadra este novo órgão. A ambição de José Luís Carneiro é clara: reconstruir a força ideológica do PS a partir de uma base sólida de conhecimento, diálogo e planeamento estratégico, envolvendo os sectores mais dinâmicos do país.

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