Estado atrasa pagamentos e complica a vida das empresas fornecedoras. Prazos são cada vez mais longos e chegam aos 73 dias

O tempo médio de pagamento do setor público em Portugal voltou a aumentar em 2025, agravando-se para 73 dias, face aos 68 dias registados em 2024, segundo o European Payment Report (EPR) de 2025, elaborado pela Intrum.

André Manuel Mendes
Julho 14, 2025
15:09

O tempo médio de pagamento do setor público em Portugal voltou a aumentar em 2025, agravando-se para 73 dias, face aos 68 dias registados em 2024, segundo o European Payment Report (EPR) de 2025, elaborado pela Intrum.

Este crescimento de 7,4% nos prazos médios de pagamento representa um desafio crescente para as empresas fornecedoras do Estado, sobretudo num cenário económico ainda complexo.

O relatório revela que o setor dos Transportes & Logística é o mais penalizado pelos atrasos do Estado, apresentando prazos de pagamento muito superiores à média nacional. Outros setores como o Farmacêutico e as Telecomunicações também registam aumentos significativos, colocando em risco a sustentabilidade financeira das empresas.

Em contraste, o setor da Construção, embora mantenha prazos elevados (78 dias), apresenta a maior melhoria relativa, reduzindo o tempo de pagamento em 36,9% face a 2024, quando atingiu os 123 dias. Setores como Hotelaria & Lazer, Serviços Empresariais e Imobiliário também registaram melhorias importantes, com prazos abaixo da média.

Por outro lado, áreas como Seguros, Tecnologia e Energia/Utilities viram os seus prazos aumentar de forma expressiva, mesmo situando-se abaixo da média nacional, o que evidencia uma deterioração da pontualidade nos pagamentos do setor público.

Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum, alerta para o impacto negativo deste cenário: « o agravamento dos prazos médios de pagamento no setor público é um sinal preocupante que impacta diretamente a saúde financeira das empresas fornecedoras, sobretudo as PME, que enfrentam dificuldades acrescidas para manter a sua liquidez e capacidade operacional. Este aumento dos prazos para quase 73 dias em média cria um efeito dominó, atrasando investimentos e dificultando o crescimento económico.»

O responsável apela às entidades públicas para a adoção de medidas que garantam maior rigor e previsibilidade nos pagamentos, como prazos máximos legais, penalizações por atraso e a criação de plataformas de pagamento automático, com vista a promover um ambiente económico mais estável e sustentável.

Nos últimos cinco anos, apenas o ano de 2020, marcado pela pandemia, registou prazos de pagamento do setor público mais longos (76 dias), situando 2025 como um dos anos mais difíceis para os fornecedores do Estado em termos de liquidez.

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