O envelhecimento do parque automóvel em Portugal continua a agravar-se. Segundo os dados mais recentes da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), no final de 2024 circulavam nas estradas portuguesas cerca de 1,6 milhões de automóveis ligeiros com mais de 20 anos, num universo de quase seis milhões de veículos deste tipo. A idade média dos ligeiros de passageiros subiu, fixando-se nos 14,1 anos — uma tendência que acompanha o panorama de todo o parque rodoviário nacional, que inclui também motociclos, veículos comerciais, pesados e tratores.
O fenómeno não se restringe aos automóveis ligeiros. Os veículos ligeiros de mercadorias apresentavam, no final do ano passado, uma idade média ainda mais elevada: 16,1 anos. No segmento das duas rodas, a frota de motociclos com mais de 50 centímetros cúbicos (cerca de 484 mil unidades) regista uma idade média superior a oito anos. Desses, quase 16% têm mais de 15 anos.
A marca Renault lidera o parque automóvel português, com mais de 721 mil veículos — cerca de 12% do total. Seguem-se a Peugeot, com mais de 573 mil, e a Volkswagen, com quase 477 mil. No que diz respeito às motos, a Honda ocupa o primeiro lugar, com mais de 130 mil motociclos registados.
No total, o parque automóvel nacional contabiliza aproximadamente oito milhões de veículos, englobando automóveis ligeiros, comerciais, pesados, motos, tratores, quadriciclos e triciclos.
Apesar do peso dos veículos envelhecidos, o número de automóveis elétricos em circulação tem vindo a crescer de forma expressiva. No final de 2024, estavam registados em Portugal cerca de 132 mil veículos puramente elétricos. A Tesla, uma das marcas mais emblemáticas deste segmento, ocupa já o 25.º lugar entre as 50 maiores marcas no país, com mais de 20 mil veículos registados.
No ano passado, venderam-se em Portugal 41.757 automóveis elétricos, dos quais 9.760 foram da marca norte-americana Tesla. Só o Model 3 representou mais de 6.700 dessas vendas. A BMW aparece em segundo lugar nas vendas de elétricos, com mais de 4 mil unidades matriculadas, seguida da Volvo, com 3.203.
Ao todo, o mercado nacional já conta com mais de 150 modelos elétricos registados, oferecidos por cerca de 50 marcas diferentes. Portugal posiciona-se em sexto lugar a nível europeu no que toca à penetração dos elétricos, com 19,9% de novas matrículas em 2024 a corresponderem a veículos deste tipo.
Fábricas nacionais com ritmo elevado de produção
A produção automóvel nacional também deu sinais de crescimento. As fábricas localizadas em Portugal produziram, em média, mais de 900 veículos por dia ao longo de 2024, atingindo um total de 332.546 unidades — um acréscimo de 4,5% face ao ano anterior. Deste total, cerca de 261 mil foram automóveis ligeiros de passageiros.
Aumentam as chamadas às oficinas
O envelhecimento do parque automóvel reflete-se também no aumento das campanhas de recolha de veículos (‘recalls’) devido a problemas técnicos. Em 2024, Portugal emitiu 27 alertas relacionados com campanhas de recolha de veículos a motor, mais oito do que em 2023. Os dados foram revelados ao Correio da Manhã pelo Ministério da Economia, com base em informações da Direção-Geral do Consumidor.
As falhas técnicas mais comuns estiveram relacionadas com bombas de combustível, sistemas de travagem e bancos. Entre os 27 alertas nacionais, 11 diziam respeito a viaturas das marcas Toyota ou Lexus, tendo sido classificados como de risco grave para a saúde e segurança dos consumidores.
Portugal também replicou 110 alertas internacionais provenientes do sistema europeu Safety Gate, que monitoriza e alerta para produtos perigosos no mercado da União Europeia. No total, foram emitidos 4.137 alertas em 2024, sendo que 9% desses avisos estavam relacionados com veículos a motor. De acordo com o relatório anual da Direção-Geral do Consumidor, os automóveis lideraram, isoladamente, os alertas registados em território nacional.
