A potencial propagação de infeções foi uma das principais preocupações das autoridades de saúde de Espanha nos dias que se seguiram à catastrófica DANA que devastou metade da província de Valência a 29 de outubro do ano passado, matando 228 pessoas. O cúmulo de lama, água e todo tipo de lixo durante semanas, assim como a presença não apenas de centenas de milhares de moradores, mas também da enxurrada de voluntários que vieram ajudar nos esforços de limpeza, poderia ter criado um cocktail explosivo.
Oito meses depois, os resultados das primeiras investigações ao chamado marco zero do desastre começam a surgir. Uma delas, realizada pela Universidade de Valência (UV), citada pelo jornal espanhol ‘El Confidencial’, encontrou cerca de 30 agentes infecciosos com patogenicidade em humanos — ou seja, agentes que podem causar doenças — na água, lama e solo durante as três primeiras semanas após as enchentes.
O estudo, publicado na revista ‘One Health’, avaliou os riscos de infeções individuais e epidemias na área afetada pelas enchentes com o objetivo de facilitar o trabalho de diagnóstico em hospitais e ajudar a melhorar os protocolos de prevenção para desastres futuros semelhantes.
Após analisar amostras ambientais de água, lodo e solo de áreas inundadas, os investigadores encontraram um total de 28 agentes infecciosos durante as três primeiras semanas depois do DANA, sendo que “muitos outros foram encontrados” posteriormente.
Segundo os especialistas, não era expectável encontrar um número tão grande de agentes infecciosos, ressaltando que todos eles são patogénicos em humanos, embora sejam transmitidos de forma diferente e com sintomas distintos. Entre eles, foram detetados vírus, bactérias, protozoários parasitas, amebas oportunistas de vida livre e helmintos, bem como grupos de vetores de diversas doenças infecciosas, como mosquitos, flebotomíneos e moluscos de água doce.
“Algumas podem ser fatais, enquanto outras causam apenas diarreia. Depende das variantes, de como se combinam e se têm uma situação epidemiológica específica”, indicaram.
O agente infeccioso mais comum nessas três primeiras semanas foi a bactéria Escherichia coli (EPEC, ETEC e EAEC), encontrada na água e na lama, que pode causar diarreia e vómito em humanos. Essa bactéria já foi encontrada após outros desastres de inundação em outros lugares.













