A ascensão da Inteligência Artificial Generativa (IA) traz “novos e urgentes desafios de recursos”, alertou esta quarta-feira a UNESCO. Segundo o relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, o crescimento exponencial do poder computacional necessário para executar estes modelos “está a colocar uma pressão crescente sobre os sistemas energéticos globais, os recursos hídricos e os minerais essenciais”, pelo que é necessário o desenvolvimento de modelos mais eficientes e o incentivo à utilização responsável dessas ferramentas.
De acordo com a agência da ONU, mil milhões de pessoas utilizam ferramentas de IA generativa diariamente. Cada interação consome energia, uma média de 0,34 watts por hora, o que equivale a 310 gigawatts-hora por ano, “o equivalente ao consumo anual de eletricidade de mais de três milhões de pessoas num país africano de baixo rendimento”. A procura de energia associada à IA duplica a cada 100 dias, pressionando ainda mais as redes elétricas globais. “Os consumidores desconhecem estes custos e pouco tem sido feito para os educar”, sublinhou.
Em relação à água, utilizada para arrefecer processadores em centros de dados, as projeções da UNESCO indicaram que o consumo deste recurso por parte dos grandes desenvolvedores de IA, como a Google, a Microsoft e a Meta, poderá triplicar até 2027. “A água é amplamente utilizada no fabrico e construção do hardware que suporta IA, particularmente para arrefecer componentes eletrónicos durante a fase de produção”, referiu o relatório. De acordo com as estimativas das Nações Unidas, a procura de IA deverá consumir entre 4,2 e 6,6 mil milhões de metros cúbicos de água até 2027, mais do que toda a água de que a Dinamarca necessita num ano.
“Estas exigências representam não só um problema ambiental, mas também um desafio de alocação de recursos”, alertou a UNESCO. “Em contextos de escassez de recursos, a expansão da infraestrutura de IA com utilização intensiva de energia compete diretamente com as necessidades sociais críticas”.














