“10 mil drones por mês”: Rússia e China colaboram num arsenal paralelo para a guerra na Ucrânia

Segundo a ‘Bloomberg’, a Rússia explorou laços amigáveis ​​com a China para obter acesso a peças de drones, conhecimento técnico e capacidade de fabrico

Francisco Laranjeira
Julho 8, 2025
15:33

Uma empresa russa, pouco conhecida, chamada Aero-HIT construiu uma vasta rede de fornecimento com parceiros chineses para fornecer milhares de drones para a guerra na Ucrânia, contornando as sanções ocidentais e permitindo que o Kremlin amplie os seus ataques com drones, indicou a publicação ‘Kyiv Post’.

Segundo a ‘Bloomberg’, a Rússia explorou laços amigáveis ​​com a China para obter acesso a peças de drones, conhecimento técnico e capacidade de fabrico — mesmo com Pequim a alegar publicamente que não está a armar nenhum dos lados. A empresa Aero-HIT rapidamente ascendeu para um dos maiores produtores de drones da Rússia.

O seu principal produto, o drone Veles FPV, já está a ser usado em operações de linha de frente, especialmente na região ocupada de Kherson, onde há relatos que indicam que tem sido usado para caçar civis.

A Aero-HIT teria recebido financiamento estatal russo e pretende produzir até 10.000 drones por mês na sua fábrica perto da fronteira chinesa em Khabarovsk.

A empresa também apresentou um plano ao Ministério da Defesa para localizar a produção do Autel EVO Max 4T, um drone chinês originalmente projetado para uso civil, mas valorizado em combate pela sua resistência à guerra eletrónica.

Embora o fabricante chinês de drones Autel Robotics negue qualquer vínculo oficial com a Aero-HIT e diga que interrompeu todos os negócios com a Rússia no início de 2022, documentos sugerem que a Aero-HIT trabalhou com engenheiros da Autel a partir do início de 2023 e continuou as negociações até 2025, com o objetivo de produzir 30 mil drones anualmente.

A Aero-HIT foi sancionada pelo Tesouro dos EUA em 2023, que alegou que os seus drones estavam a ser usados ​​por tropas russas em Kherson. As empresas chinesas envolvidas no fornecimento da Aero-HIT – incluindo a Shenzhen Huasheng Industry e intermediários como a Renovatsio-Invest – também foram incluídas na lista negra.

Moscovo terá mascarado a produção de drones em setores não relacionados, como alimentação para companhias aéreas, exportação de frutos do mar e agricultura, dificultando o rastreamento por autoridades ocidentais.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou em maio que a China cortou as vendas de drones para a Ucrânia, mas continuou a enviá-los para a Rússia. A Ucrânia acredita que Moscovo está a trabalhar para aumentar a produção de drones para 500 unidades por dia, com consequências devastadoras no campo de batalha.

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